Culto aceitável a Deus: a reconciliação como pré-requisito | A Palavra
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quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Culto aceitável a Deus: a reconciliação como pré-requisito

O perdão como elemento indispensável para um culto aceito por Deus

Perdão
Imagem: Freepik
Pr. Cleber Montes Moreira

“Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.”
(Mateus 5:23,24)

No texto, Jesus nos mostra que a verdadeira adoração não é apenas um ato exterior; o culto aceito por Deus envolve também o estado interior do adorador, e isso inclui os relacionamentos interpessoais.

Segundo Russell Norman Champlin, “a palavra ‘oferta’ tem um sentido geral e alude a qualquer tipo (dentre os muitos tipos de ofertas) que os judeus costumavam trazer ao templo como parte do culto.” Ele conclui: “Quem trazia a oferta esperava que o sacerdote a recebesse de suas mãos. O sacerdote, ao recebê-la, oferecia-a sobre o altar. A oferta indicava o desejo do ofertante de obter o perdão de Deus e adorar ao Deus da bondade, que perdoa o pecado.” É compreensível que, em seu comentário, ele coloque “receber o perdão de Deus” antes de “adorar ao Deus da bondade”, pois o Altíssimo não aceita ofertas impuras.

No contexto atual, muitos pensam em “ofertas” apenas como os recursos financeiros que depositamos no gazofilácio. Embora elas sejam um ato do culto cristão, este vai muito além. Podemos ofertar a Deus muitas coisas: tempo, louvores, orações, recursos financeiros e a operação dos dons espirituais para edificação mútua, como pregação, ensino, administração e misericórdia, entre outros. Contudo, nosso serviço não será aceito por Aquele que sonda os corações se abrigarmos mágoas, rancor, ressentimentos, ódio ou indiferença em relação ao próximo. Esse ensino é corroborado pela oração modelo, onde lemos: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores” (Mateus 6:12). E a regra é clara: “Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas” (Mateus 6:15). Tenhamos em mente que qualquer sentimento negativo contra o irmão torna o culto inaceitável, transformando-o em um ato de hipocrisia.

Os versículos 23 e 24 de Mateus 5 devem ser interpretados à luz do versículo 22. Nele, Jesus aprofunda a interpretação da lei expressa em Êxodo 20:13: “Não matarás”. Assim, matar não se restringe ao ato de homicídio. Há muitas maneiras de “matar” alguém: assassinando sua reputação, com palavras que ferem ou com indiferença, dentre outras. Em algumas igrejas, há quem se recuse a falar com um irmão — isso também mata! Jesus diz que quem disser a seu irmão “raca” será levado a julgamento, e quem o chamar de “louco” será réu do fogo do inferno (v.22). Conforme lemos no Comentário Moody, “raca”, provavelmente significando “cabeça vazia” (néscio), é um insulto à inteligência do homem, enquanto “tolo” é um desacato ao seu caráter. E entre irmãos, infelizmente, há relatos terríveis de agressões verbais e ofensas que não condizem com a prática cristã.

Você tem proferido alguma zombaria, desprezo, palavra de ódio ou mesmo tratado seu irmão com indiferença? Nesse caso, você está em pecado e seu culto é rejeitado. Lembre-se da palavra: “Qualquer que odeia a seu irmão é homicida. E vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (1 João 3:15). E não adianta mentir, pois “Se alguém diz: Eu amo a Deus, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a Deus, a quem não viu?” O mandamento é claro: “quem ama a Deus, ame também a seu irmão” (1 João 4:20-21).

A reconciliação é mais que uma exigência para o culto aceitável a Deus, ela também nos liberta de cargas emocionais e espirituais que nos impedem de viver plenamente a vida cristã. O perdão e a reconciliação são atitudes que imitam o caráter de Deus. Deus, em Cristo, reconciliou o mundo consigo (2 Coríntios 5:19), e, como seus discípulos, somos chamados a agir da mesma forma.

Além disso, a reconciliação impede que a raiz de amargura cresça em nossos corações. Como o autor de Hebreus alerta: “Tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem” (Hebreus 12:15). A indisposição para a reconciliação afeta tanto o indivíduo quanto aqueles ao seu redor, causando transtornos à vida da igreja e impedindo o testemunho saudável e poderoso do evangelho.

Leve sua oferta, apresente a Deus seus louvores e serviços, mas, principalmente e indispensavelmente, se você quiser ser aceito, apresente um coração limpo e cheio de amor pelos irmãos. Seja um crente, não um “assassino”. Pense nisso!

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