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sábado, 28 de junho de 2025

Pais Distraídos, Filhos Perdidos, Lares em Colapso

“E, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24:12)

lápides
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

Em 21 de junho de 2025, a pequena comunidade de Comendador Venâncio, distrito de Itaperuna (RJ), no Noroeste Fluminense, foi abalada por uma tragédia chocante. Um adolescente de 14 anos confessou ter assassinado seus pais — Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, enfermeiro, e Inaila Teixeira, de 37 anos, cabeleireira — além de seu irmão caçula, Antônio, de apenas 3 anos, enquanto dormiam. O motivo do crime teria sido a proibição dos pais para que o jovem viajasse ao Mato Grosso, onde pretendia encontrar uma adolescente de 15 anos, com quem mantinha um relacionamento virtual iniciado em jogos online há seis anos, quando ele tinha apenas 8 anos e ela, 9. Movido por esse desejo, o jovem pesquisou como sacar o FGTS do pai, que continha R$ 33 mil, possivelmente planejando financiar sua fuga.

Na noite do crime, o adolescente esperou a família dormir, consumiu um energético para se manter acordado e disparou contra a cabeça dos pais e o pescoço do irmão. Após os assassinatos, arrastou os corpos para a cisterna da casa, usou produtos químicos para remover vestígios de sangue e tentou queimar as roupas manchadas. Uma mochila com os celulares dos pais foi encontrada, sugerindo que ele planejava fugir. Nos dias seguintes, mentiu para familiares, alegando que os pais haviam levado o irmão ao hospital por engasgo com um caco de vidro. No dia 24 de junho, acompanhado da avó paterna, registrou o suposto desaparecimento na 143ª DP. Contudo, após buscas em hospitais sem registros, a polícia realizou uma perícia na casa no dia 25 de junho, encontrando manchas de sangue, roupas queimadas e um forte odor na cisterna, onde os corpos foram localizados. Confrontado, o adolescente confessou o triplo homicídio e a ocultação de cadáveres, demonstrando frieza e declarando que “faria tudo de novo”.

A namorada virtual, ouvida em Água Boa (MT) no dia 26 de junho, confirmou o contato com o jovem durante o fim de semana do crime e tratou os assassinatos com frieza, como se fossem parte de um “jogo de videogame”. A polícia investiga se ela teve alguma influência no ato. No dia 27 de junho, a Justiça determinou a internação provisória do adolescente por 45 dias no Degase, em São Fidélis (RJ), enquanto o caso segue em segredo de Justiça. A arma do crime foi encontrada na casa da avó, que pode tê-la retirado para proteger o neto ou por outro motivo.

Esse episódio trágico revela uma realidade alarmante, que remete às advertências das Escrituras sobre os últimos dias. Em 2 Timóteo 3:1-5, Paulo descreve tempos difíceis, em que as pessoas seriam “desobedientes aos pais”, “sem afeto natural” e “irreconciliáveis”. A frieza do adolescente e de sua namorada virtual, bem como sua declaração de que “faria tudo de novo”, refletem a deterioração moral prevista pela Bíblia, quando o amor de muitos se esfria por causa da multiplicação da iniquidade (Mateus 24:12).

Lições Espirituais:

1. O Inimigo Dentro de Casa

A Bíblia nos alerta que o pecado pode se manifestar até mesmo nos lares, como vemos desde o relato de Caim e Abel (Gênesis 4:8). Muitos casos de violência, inclusive contra crianças, ocorrem dentro do ambiente familiar. Isso nos lembra da necessidade de vigilância espiritual, da prática da oração, estudo e ensino da Palavra de Deus em nossos lares.

2. A Responsabilidade dos Pais na Educação

A Bíblia é clara ao afirmar que a educação dos filhos é responsabilidade dos pais (Deuteronômio 6:6-7). Contudo, muitos têm delegado essa tarefa à igreja, à escola ou até mesmo às redes sociais. A ausência de laços afetivos fortes, construídos por meio de tempo de qualidade em família, pode deixar os filhos vulneráveis a influências externas perigosas, como vimos nesse caso.

3. Os Perigos das Redes Sociais

O relacionamento virtual iniciado em jogos online expôs esse jovem a influências que culminaram em tragédia. As redes sociais, quando mal utilizadas, podem expor crianças a conteúdos impróprios, manipulação por predadores e ideologias destrutivas. A Bíblia nos exorta a sermos “simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes” (Mateus 10:16), especialmente ao lidar com o mundo digital.

4. Os “Filhos do Quarto”

Muitos filhos passam mais tempo com telas do que com seus pais. Vivem isolados, imersos em jogos e redes, desconectados do mundo real e da vida familiar — sem disciplina, sem limites, sem diálogo. Isso forma uma geração com dificuldades emocionais, espirituais e relacionais.

Diante disso, devemos fazer uma pergunta urgente: até quando permaneceremos frios, omissos, negligentes e indiferentes à decadência que avança sobre nossos lares?

Aplicação

Não ignore os sinais. Observe seus filhos, esteja presente, ore com eles, ensine-lhes a Palavra, discipline com amor e viva como exemplo. Supervisione o uso de suas redes sociais: o que postam, os perfis que seguem, com quem conversam etc. Isso é proteção! O ideal é que crianças nem tenham celulares.

Não permita que a tecnologia, a cultura ou o inimigo eduquem em seu lugar. Que o seu lar seja um oásis do céu em um mundo cada vez mais sombrio.

Oração

Querido Deus e Pai, que o Teu favor esteja sobre nossos lares. Ajuda-nos a educar nossos filhos no Teu temor, protegendo-os das influências malignas deste mundo. Que nossos corações sejam aquecidos pelo Teu amor, para que possamos valorizar nossos relacionamentos e viver em paz e unidade. Em nome de Jesus, amém.

segunda-feira, 9 de junho de 2025

A Recompensa Que Não Falha

“E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.” (Apocalipse 22:12)

Pastor de ovelhas
Imagem gerada por AI
Pr. Cleber Montes Moreira

Certa ocasião, um pastor me contou, frustrado, que passou o Dia do Pastor sem ser lembrado — sem uma única menção da igreja. Outro, uma vez, me confidenciou que a igreja só se lembrou da data no culto da noite. Então, alguém teve a ideia de embrulhar uma caixa vazia com papel de presente e entregá-la simbolicamente, com a promessa de, durante a semana, comprar-lhe algo — o que nunca aconteceu.

Diante desses relatos, lembrei-me de uma história sobre um pastor esquecido, que passo a compartilhar:

Era o segundo domingo de junho — Dia do Pastor. O pastor Elias acordou cedo, fez sua devocional como de costume, folheou mais uma vez a revista da EBD, revisou suas anotações para o sermão e checou o grupo de WhatsApp da igreja: nenhuma mensagem sobre a data. Ao longo do dia, nenhum telefonema, nenhuma lembrança, nenhum cartão…

À noite, chegou à igreja, cumprimentou os irmãos, pregou com entusiasmo e se despediu da congregação — nem um “parabéns”.

De volta para casa, conversando com sua esposa, desabafou: aquele havia sido o dia mais triste de seu ministério. Sentia-se esquecido, irrelevante. Será que havia falhado com o rebanho?

Pouco antes de se deitar, ainda imerso em pensamentos sombrios, ouviu a campainha. Ao abrir a porta, deparou-se com uma adolescente em lágrimas:

— Pastor… hoje eu tinha decidido desistir da vida. Mas, ao passar em frente ao templo, ouvi o som do culto e entrei. Suas palavras mexeram comigo. Eu não me sinto amada pela minha família… moro só com minha mãe. Meu pai, viciado em drogas, está desaparecido há dois anos. Mas hoje eu entendi que Deus me ama. O senhor pode orar por mim?

Os olhos de Elias se encheram de lágrimas. Convidou a moça para entrar, ouviu sua história e, junto com Maria, sua esposa, orou com ela. Ofereceram apoio e marcaram uma visita.

Naquela noite, todos os pensamentos de fracasso se calaram. A igreja pode até ter se esquecido, mas Deus não. O dia que parecia ser o mais triste de seu ministério tornou-se inesquecível.

Embora para muitos o Dia do Pastor seja repleto de homenagens, há inúmeros obreiros esquecidos: pastores aposentados, doentes, que não recebem visitas nem cuidado; outros, em plena atividade, mas sem sustento digno, sem reconhecimento, sem apoio real. Há ainda homenagens meramente simbólicas, que não expressam o verdadeiro sentimento da igreja.

Mas isso não diminui o valor do ministério. Vidas salvas do suicídio, divórcios evitados, jovens que deixaram o mau caminho, corações restaurados, almas arrependidas que se renderam a Cristo — essas são recompensas cujo valor é imensurável!

Se você é um desses pastores cansados e invisíveis, console-se com a doce promessa do Senhor: “E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra.”

Oração

Senhor Deus, obrigado por cada pastor que honra o Teu chamado. Abençoa aqueles que, mesmo esquecidos pelos homens, permanecem fiéis. Que o Senhor os sustente, fortaleça, console e lembre a cada um do galardão que lhes está guardado. Em nome de Jesus, amém.


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sábado, 7 de junho de 2025

Mundo Sedutor, Pais Omissos

Quando o mundo discipula e os pais se calam: o perigo da omissão na criação dos filhos na era digital

Pai e filho
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele.” (Provérbios 22:6)

Ao observar alguns perfis de crianças e adolescentes nas redes sociais — inclusive filhos de crentes —, é alarmante perceber o apego crescente a músicas de MCs, recheadas de linguagem obscena. Letras que promovem desobediência, promiscuidade e incentivo ao sexo precoce são cada vez mais comuns. Em uma postagem feita por um filho de crente, uma frase me chamou a atenção: “E se papai te perguntar se não tava comigo”. Além dos erros gramaticais presentes em toda a letra, essa frase carrega uma mensagem perversa: normaliza a mentira e o engano, promove a manipulação e mina a confiança entre pais e filhos.

Letras como essa não apenas ensinam a mentir e enganar, mas também exaltam uma visão hipersexualizada e objetificada das mulheres, incentivam a sensualidade precoce e romantizam figuras associadas ao crime. Na mesma música, a expressão “no Insta provoca” estimula adolescentes a buscarem validação social por meio de postagens sensuais, sedutoras e impulsivas nas redes sociais, levando a comportamentos provocantes e exposição indevida.

Tais conteúdos estão moldando a mente de nossas crianças e adolescentes, despertando neles desejos e comportamentos que contradizem completamente os valores cristãos. Satanás está prosperando em seu projeto de desconstrução da família e da sociedade, estabelecendo uma nova ordem moral e anticristã. E tudo isso com o consentimento silencioso — ou até omisso, para não dizer cumplicioso — de muitos pais cristãos. Podemos aplicar também, neste contexto, o ensino que diz: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tiago 4:17). E o Eterno cobrará muito caro dos pais que negligenciam seu dever!

A Palavra de Deus declara que os filhos são herança do Senhor (Salmos 127:3). Eles não pertencem ao Estado, nem à internet, nem ao sistema deste mundo. São nossa responsabilidade. O Senhor nos confiou a missão de ensiná-los, discipliná-los, corrigi-los, protegê-los e prepará-los, não apenas para a vida terrena, mas, sobretudo, para a eternidade.

Não sejamos pais ausentes ou omissos. Não deixemos que o diabo discipule nossos filhos enquanto nos distraímos com as ocupações da vida. O mundo está pronto para aliciá-los. E, se nós não os conduzirmos à verdade, alguém os conduzirá ao caminho da perdição.

Aplicação:

Pais, estejam atentos! Dediquem tempo para conhecer o que seus filhos consomem nas redes sociais e nas músicas que ouvem. Estabeleçam limites claros e conversem abertamente sobre os perigos de conteúdos que promovem imoralidade e desobediência. Ensinem seus filhos a buscar validação em Deus, e não na aprovação do mundo. Monitorem o uso de dispositivos eletrônicos com sabedoria, estabelecendo regras firmes e coerentes. E, acima de tudo, sejam exemplos vivos de santidade, pureza e temor ao Senhor. Seu testemunho falará mais alto do que qualquer correção verbal.

Oração:

Pai eterno, dá-nos sabedoria e coragem para educarmos nossos filhos segundo os Teus caminhos. Livra-os das armadilhas do mundo e guarda suas mentes e corações no Teu amor. Ajuda-nos a sermos pais vigilantes, firmes e cheios de graça, cumprindo com fidelidade o chamado que nos confiaste. Em nome de Jesus, amém.


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segunda-feira, 26 de maio de 2025

Alegrar-se e Chorar: O Chamado à Empatia Cristã

“Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.” (Romanos 12:15)

Consolar
Imagem: Freepik

Pr. Cleber Montes Moreira

Após tratar da doutrina da salvação pela graça nos capítulos anteriores, Paulo passa a exortar os crentes à aplicação prática da fé cristã no cotidiano, de modo que a nova identidade em Cristo seja refletida no viver diário.

O capítulo 12 começa com um apelo para que os salvos ofereçam suas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Em seguida, exorta a não se conformarem com este mundo, mas a serem transformados pela renovação da mente. Paulo prossegue ensinando sobre o uso dos dons espirituais para a edificação mútua e, a partir do versículo 9, apresenta uma série de orientações sobre como os cristãos devem se relacionar entre si e com o mundo. Ele destaca a importância de um amor sincero, de apegar-se ao bem, de amar fraternalmente, de servir com zelo, ser alegre na esperança, paciente na tribulação, perseverante na oração, praticar a hospitalidade e abençoar até os perseguidores.

Então, no versículo 15, apresenta esta joia pastoral: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.” Uma convocação à empatia genuína e à solidariedade entre os membros do Corpo de Cristo.

Raimundo era um daqueles irmãos discretos, mas preciosos. Não ocupava cargos de liderança em sua congregação, não tinha destaque nas redes sociais, não vivia sob os holofotes. Mas era amado — e com razão. Seu sorriso sincero, seu abraço acolhedor e o interesse genuíno por cada pessoa o tornavam especial. Era o tipo de cristão que se importava de verdade, que amava sem interesses, altruisticamente.

Ao completar 75 anos, viúvo e morando sozinho, recebeu uma surpresa: seus filhos, que viviam em cidades distantes, organizaram uma grande festa em sua homenagem. Pediram ao pastor que pregasse naquela noite, convidaram amigos e irmãos da igreja. E assim foi: a casa ficou cheia, o quintal iluminado, mesas fartas, balões coloridos, louvores, uma mensagem bíblica e muitas fotos. Antes de partirem o bolo, todos cantaram “parabéns” com entusiasmo, celebrando sua vida com alegria, votos e palavras de gratidão.

Porém, no ano seguinte, antes de completar 76 anos, Raimundo desapareceu silenciosamente dos cultos. Ninguém perguntou. Ninguém notou. Apenas quatro meses depois, um dos filhos enviou uma mensagem curta: “Nosso pai faleceu. Foram três meses de internação. Partiu em paz.” E foi só.

A mesma casa que antes se encheu de vozes e sorrisos, agora guardava o silêncio de uma solidão que ninguém percebeu. Raimundo, o irmão querido, partiu sem despedidas, sem orações da igreja, sem o consolo do corpo de Cristo ao seu lado.

É fácil alegrar-se com os que se alegram — festas atraem multidões. Difícil é chorar com os que choram, especialmente quando o pranto é silencioso.

Quantos Raimundos existem entre nós? Quantos irmãos choram sozinhos, esquecidos por aqueles que um dia os celebraram?

Vivemos um tempo de egoísmo, de busca pelos próprios interesses, de relacionamentos descartáveis, de amizades superficiais e de um cristianismo raso. A empatia está presente nos estudos, nas mensagens e nos cânticos, mas ausente no viver diário. Os dons espirituais têm sido enterrados, e falta-nos edificação, mutualidade e amor sincero.

Que o Espírito Santo nos desperte e reacenda em nós uma empatia viva e prática — aquela que não se ausenta na dor, que não desaparece na enfermidade, que não esquece os que envelhecem. Porque chorar com os que choram deve ser uma marca de cada cristão.

Aplicação:

O verdadeiro cristianismo se expressa não apenas em doutrina correta, mas em amor prático. O relacionamento entre os filhos de Deus deve ser marcado pela sensibilidade, pelo cuidado mútuo e pela disposição de estar presente — não apenas nas alegrias, mas também nas dores. Estejamos atentos aos “Raimundos” que nos cercam: os idosos, os solitários, os enfermos esquecidos, os irmãos que já não conseguem frequentar os cultos, os que choram em silêncio. Que nossa empatia não se limite a palavras, mas se traduza em presença, visita, oração, consolo e apoio. Chorar com os que choram é um reflexo do amor de Cristo operando em nós.

Oração:

Senhor, perdoa-nos pelas vezes em que fomos indiferentes à dor do próximo. Dá-nos olhos sensíveis, ouvidos atentos e corações compassivos. Que o teu Espírito nos mova à empatia verdadeira, para que sejamos consolo na aflição e companhia na solidão. Ensina-nos a viver o amor cristão não apenas com palavras, mas com ações. Usa-nos como instrumentos do teu cuidado para com os que necessitam. Em nome de Jesus, amém.

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