Do medo à confiança: o apelo gospel e o que realmente importa
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Pr. Cleber Montes Moreira
“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tiago 1:17)
Certo dia, deparei-me com um cartaz anunciando mais um daqueles eventos gospel, com o seguinte apelo: “Diabo, devolve o que é meu.” Ao ler essa frase, perguntei-me: o que, de fato, pertence ao crente e poderia estar em poder do diabo? Poderiam a mente, o coração, a alegria, o dinheiro, o tempo ou os talentos de alguns crentes estar sob o domínio dele? Será que o diabo exerce autoridade sobre os filhos de Deus? Seriam os salvos vulneráveis às suas investidas?
Muitos vivem aterrorizados com o “tinhoso”, apavorando-se só de ouvir seu nome. Alguns dedicam esforços para amarrá-lo, dominá-lo, pisá-lo, dentre outras coisas. Outros, mais ousados, chegam ao ponto de dialogar com demônios em entrevistas públicas antes de expulsá-los. Em certas igrejas, o inimigo tornou-se a principal atração, ou, ouso dizer, o “garoto-propaganda” de eventos e celebrações. Como bem observou um certo pastor, vivemos em um país “cristambeiro”, onde as práticas de alguns grupos que se intitulam evangélicos se confundem com rituais muito estranhos e alheios aos ensinos bíblicos.
Contudo, aprendi que, para vencer o diabo, não é necessário viver amedrontado, pensando ou falando dele constantemente. A Bíblia nos ensina um caminho claro para resistir às suas investidas. Aqueles que são nascidos de Deus não vivem na prática do pecado e, por isso, “o maligno não lhes toca” (1 João 5:18). Quem se reveste de toda a armadura de Deus permanece firme “contra as astutas ciladas do diabo” (Efésios 6:11). O cristão que não se embriaga com o pecado, mas mantém-se sóbrio e vigilante, não é apanhado em armadilhas, mas resiste pela fé (1 Pedro 5:8). Tiago apresenta uma receita infalível: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7). Note que o primeiro passo é sujeitar-se a Deus — algo que muitos relutam em fazer.
“Diabo, devolve o que é meu”? Não! Afirmo com convicção que nada do que é meu está em poder do diabo. Tudo o que possuo é fruto da graça de Deus. Não preciso exigir devolução ou clamar por restituição. Além disso, qualquer coisa que, porventura, esteja nas mãos do diabo não é digna do meu interesse. Prefiro o que vem do alto, “do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17). Ele, com amor, me sustenta a cada dia.
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