Alegrar-se e Chorar: O Chamado à Empatia Cristã | A Palavra
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segunda-feira, 26 de maio de 2025

Alegrar-se e Chorar: O Chamado à Empatia Cristã

“Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.” (Romanos 12:15)

Consolar
Imagem: Freepik

Pr. Cleber Montes Moreira

Após tratar da doutrina da salvação pela graça nos capítulos anteriores, Paulo passa a exortar os crentes à aplicação prática da fé cristã no cotidiano, de modo que a nova identidade em Cristo seja refletida no viver diário.

O capítulo 12 começa com um apelo para que os salvos ofereçam suas vidas como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. Em seguida, exorta a não se conformarem com este mundo, mas a serem transformados pela renovação da mente. Paulo prossegue ensinando sobre o uso dos dons espirituais para a edificação mútua e, a partir do versículo 9, apresenta uma série de orientações sobre como os cristãos devem se relacionar entre si e com o mundo. Ele destaca a importância de um amor sincero, de apegar-se ao bem, de amar fraternalmente, de servir com zelo, ser alegre na esperança, paciente na tribulação, perseverante na oração, praticar a hospitalidade e abençoar até os perseguidores.

Então, no versículo 15, apresenta esta joia pastoral: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram.” Uma convocação à empatia genuína e à solidariedade entre os membros do Corpo de Cristo.

Raimundo era um daqueles irmãos discretos, mas preciosos. Não ocupava cargos de liderança em sua congregação, não tinha destaque nas redes sociais, não vivia sob os holofotes. Mas era amado — e com razão. Seu sorriso sincero, seu abraço acolhedor e o interesse genuíno por cada pessoa o tornavam especial. Era o tipo de cristão que se importava de verdade, que amava sem interesses, altruisticamente.

Ao completar 75 anos, viúvo e morando sozinho, recebeu uma surpresa: seus filhos, que viviam em cidades distantes, organizaram uma grande festa em sua homenagem. Pediram ao pastor que pregasse naquela noite, convidaram amigos e irmãos da igreja. E assim foi: a casa ficou cheia, o quintal iluminado, mesas fartas, balões coloridos, louvores, uma mensagem bíblica e muitas fotos. Antes de partirem o bolo, todos cantaram “parabéns” com entusiasmo, celebrando sua vida com alegria, votos e palavras de gratidão.

Porém, no ano seguinte, antes de completar 76 anos, Raimundo desapareceu silenciosamente dos cultos. Ninguém perguntou. Ninguém notou. Apenas quatro meses depois, um dos filhos enviou uma mensagem curta: “Nosso pai faleceu. Foram três meses de internação. Partiu em paz.” E foi só.

A mesma casa que antes se encheu de vozes e sorrisos, agora guardava o silêncio de uma solidão que ninguém percebeu. Raimundo, o irmão querido, partiu sem despedidas, sem orações da igreja, sem o consolo do corpo de Cristo ao seu lado.

É fácil alegrar-se com os que se alegram — festas atraem multidões. Difícil é chorar com os que choram, especialmente quando o pranto é silencioso.

Quantos Raimundos existem entre nós? Quantos irmãos choram sozinhos, esquecidos por aqueles que um dia os celebraram?

Vivemos um tempo de egoísmo, de busca pelos próprios interesses, de relacionamentos descartáveis, de amizades superficiais e de um cristianismo raso. A empatia está presente nos estudos, nas mensagens e nos cânticos, mas ausente no viver diário. Os dons espirituais têm sido enterrados, e falta-nos edificação, mutualidade e amor sincero.

Que o Espírito Santo nos desperte e reacenda em nós uma empatia viva e prática — aquela que não se ausenta na dor, que não desaparece na enfermidade, que não esquece os que envelhecem. Porque chorar com os que choram deve ser uma marca de cada cristão.

Aplicação:

O verdadeiro cristianismo se expressa não apenas em doutrina correta, mas em amor prático. O relacionamento entre os filhos de Deus deve ser marcado pela sensibilidade, pelo cuidado mútuo e pela disposição de estar presente — não apenas nas alegrias, mas também nas dores. Estejamos atentos aos “Raimundos” que nos cercam: os idosos, os solitários, os enfermos esquecidos, os irmãos que já não conseguem frequentar os cultos, os que choram em silêncio. Que nossa empatia não se limite a palavras, mas se traduza em presença, visita, oração, consolo e apoio. Chorar com os que choram é um reflexo do amor de Cristo operando em nós.

Oração:

Senhor, perdoa-nos pelas vezes em que fomos indiferentes à dor do próximo. Dá-nos olhos sensíveis, ouvidos atentos e corações compassivos. Que o teu Espírito nos mova à empatia verdadeira, para que sejamos consolo na aflição e companhia na solidão. Ensina-nos a viver o amor cristão não apenas com palavras, mas com ações. Usa-nos como instrumentos do teu cuidado para com os que necessitam. Em nome de Jesus, amém.

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