Pés que vão, joelhos que se dobram, e mãos que seguram as cordas | A Palavra
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sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Pés que vão, joelhos que se dobram, e mãos que seguram as cordas

A obra missionária é feita pelos pés que vão, pelos joelhos que se dobram e, igualmente importante, pelas mãos que seguram as cordas



Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus.”
(1 Tessalonicenses 2:9)

Ao falar sobre “trabalho e fadiga”1 e “trabalhando dia e noite”2, Paulo nos indica duas coisas: primeiro que ele e Silas trabalhavam arduamente, até a exaustão, e em segundo que provavelmente o apóstolo tivesse que conciliar o trabalho missionário com o trabalho secular, o que requeria uma jornada dupla. Em Atos 18:1-4, encontramos que em Corinto ele se juntou a Aquila e sua esposa Priscila no ofício de fazer tendas, e nos “sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos” (v.4). Daí surgiu a expressão moderna “fazedor de tendas”, utilizada para se referir ao missionário que, a exemplo dele, trabalha para se sustentar ao mesmo tempo em que cumpre o seu ministério. Para muitos, este é um excelente modelo, entretanto, pondero: se o ministério de Paulo foi tão expressivo, como teria sido se ele pudesse viver exclusivamente para anunciar o evangelho? Entendo que as igrejas, e mesmos as juntas missionárias, devem repensar o modo como querem alcançar o mundo, provendo sustento integral e digno para seus missionários, considerando o precioso tempo a ser investido na obra, entendendo que qualquer outra atividade exercida pelo obreiro seja apenas estratégia para estabelecer pontes com o contexto local e não fonte essencial de sustento.

William Carey disse: “A Índia é uma mina de ouro. Eu vou descer e cavar, mas vocês, devem segurar as cordas.” Existem muitas minas de ouro espalhadas pelo mundo, mas que não são alcançadas porque muitos não querem “segurar as cordas”. A obra missionária é feita pelos pés que vão, pelos joelhos que se dobram e, igualmente importante, pelas mãos que seguram as cordas. Afinal, “digno é o obreiro do seu salário” (1 Timóteo 5:18), e o modelo bíblico que Paulo nos apresenta, embora tivesse que exercer ofício secular para se sustentar, é este: “Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Coríntios 9:14 se possível, leia o contexto). Dar aos obreiros esta condição é responsabilidade das igrejas. Pensemos nisso!

1Grego kopos: trabalho árduo.

2Grego mochthos: trabalho cansativo, labuta, penúria.

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