“O mundo pode não mudar se você adotar uma criança, mas para essa criança o mundo dela mudará” (autor desconhecido)
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Pr. Cleber Montes Moreira
“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus…” (1 João 3:1)
A adoção ainda é um tema delicado para muitas pessoas. Alguns hesitam diante das responsabilidades e desafios que ela envolve. Há quem pense que é necessário alcançar uma estabilidade financeira ideal antes de acolher uma criança. Outros evitam o assunto por medo de situações problemáticas, como histórias de filhos adotivos que se tornaram rebeldes. Há também aqueles que preferem evitar o trabalho que a paternidade exige, sem considerar as alegrias abundantes que ela proporciona. Muitos simplesmente optam por não ter filhos ou preferem ser “pais de pets” — reflexo de uma sociedade adoecida que, cada vez mais, valoriza os animais acima das pessoas. No entanto, há inúmeras histórias de sucesso e testemunhos edificantes que mostram como a adoção pode ser uma bênção tanto para os adotados quanto para os adotantes.
Li certa vez uma frase muito interessante: “O mundo pode não mudar se você adotar uma criança, mas para essa criança o mundo dela mudará” (autor desconhecido). Que oportunidade preciosa Deus nos concede de transformar o mundo de alguém — e, ao mesmo tempo, o nosso! Caitlin Snyder escreveu: “Embora a adoção não desfaça o passado, adotar uma criança, e mais especificamente uma criança mais velha, dá a uma família adotiva o privilégio de escrever as partes da história da criança que ainda não foram escritas.” Como bem disse John Piper: “A adoção é o evangelho visível.” De fato, ela reflete o amor de Deus por nós e nos lembra que a graça recebida deve ser graça compartilhada.
A Bíblia nos apresenta exemplos inspiradores de adoção. Moisés, o libertador de Israel, foi adotado pela filha de Faraó depois de ser encontrado em um cesto no rio Nilo (Êxodo 2:5-10). Deus, em Sua soberania, preservou a vida de Moisés, livrando-o de um decreto mortal. Ele foi criado no palácio, educado no contexto egípcio e, posteriormente, forjado no deserto para cumprir o plano divino de libertar Seu povo.
Outro exemplo marcante é o de Ester, uma jovem órfã criada por seu primo Mordecai como sua própria filha. Mordecai a amou, protegeu e orientou, e Deus usou Ester como instrumento para salvar o povo de Israel do plano genocida de Hamã (Ester 2:7; 4:14). Essas histórias mostram como a adoção, vista sob a perspectiva divina, é uma ferramenta para abençoar vidas e cumprir propósitos maiores.
A adoção encontra sua expressão mais sublime no próprio relacionamento entre Deus e os salvos. Antes de conhecerem a Cristo, eles estavam “mortos em ofensas e pecados”, andando nos desejos da carne e sendo “por natureza filhos da ira”, separados de Deus (Efésios 2:1,3; Colossenses 1:21). Mas, ao crerem em Jesus como Senhor e Salvador, foram feitos filhos de Deus por adoção: “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:5). Por meio dessa adoção espiritual, não somos mais estranhos, mas “concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios 2:19).
Essa filiação não é fruto de mérito humano, mas da graça e misericórdia divinas; Deus não nos adotou porque éramos como “crianças boazinhas e comportadas”, mas por Seu grande amor. Como afirma o apóstolo João: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1).
Adotar uma criança significa oferecer a ela o mesmo amor, o cuidado, as oportunidades, os privilégios e os deveres de um filho biológico. Jeferson Zahorcak define a adoção como “um compromisso de amor e importância, onde o filho escolhido deve sentir-se gerado na esperança e no afeto da nova família”.
Se você carrega algum receio ou preconceito em relação à adoção, é tempo de repensar o assunto. Lembre-se de que o nosso maior exemplo vem de Deus, que nos fez “filhos por adoção”. E isso deveria ser suficientemente poderoso e digno de imitação. Pense nisso!
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