Fé e Política | A Palavra

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Fé e Política

A sabedoria popular diz que “quem cala consente”. De fato, na questão do mal o silêncio dos bons é um atestado de cumplicidade e uma declaração de culpa compartilhada

urna eletrônica
Foto: José Cruz/Arquivo/Agência Brasil

Pr. Cleber Montes Moreira

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma […]. Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2:17, 26)

Tiago trata de um princípio que deve ser observado em qualquer tempo e contexto: “A fé sem obras é morta”. Em outras palavras, a fé sem ação, sem comprometimento, sem frutos, que não opera segundo o evangelho não é a fé dos salvos.

Um terrível mal praticado por muitos é o de pensar que podem exercer a sua fé em apenas alguns setores da vida e da sociedade, quando, na verdade, a fé deve nos orientar às escolhas e ações em tudo na vida, ainda que isso tenha um custo muito alto. Exemplo disso é o de crentes que acham que não devem tratar de política, se esquecendo que estamos numa guerra espiritual que também se manifesta, ostensivamente, nesta esfera, e que os salvos biblicamente têm compromisso com as futuras gerações (Salmo 78).

Com tristeza, ouvi de alguém a seguinte declaração: “Não me envolvo na política nem discuto, só oro.” Ora, este comportamento coopera para o avanço das hostes malignas no cerceamento da liberdade de expressão, na interferência na liberdade de cultos, na violação do direito de propriedade, no ensino da ideologia de gênero, na matança de inocentes (aborto), na prática de todo tipo de violência e em outras frentes. Diante desta realidade, quem escolhe “apenas orar” — e orar é a primeira coisa que devemos fazer — está sendo não somente omisso, mas cúmplice do inferno. Aquele que sabe fazer o bem e não o faz, não apenas comete pecado, mas age como um soldado traidor que se alia ao inimigo” (Tiago 4:17).

Na Parábola do bom samaritano, o sacerdote e o levita não quiseram se envolver com a situação de um desconhecido espancado e caído à beira do caminho (Lucas 10:31,32). A sociedade tem ótimas expectativas sobre o agir dos crentes, porém, muitas vezes, para vergonha de muitos, são as “pedras” que levantam sua voz clamando e buscando a operação da justiça.

Um amigo sempre repetia que “o muro tem dono”, que “ele pertence ao diabo”. A verdadeira fé não permite uma postura politicamente correta, nem de não envolvimento com questões importantes que afetam a vida de todos. Os profetas sempre denunciaram a idolatria, a injustiça, a opressão e todo tipo de erro, enfrentaram falsos profetas e até reis maus. João Batista teve sua cabeça servida num prato (Mateus 14:1-8). A verdade tem um custo que muitos não querem pagar; há cristãos que não estão dispostos a enfrentamentos pela causa daquele que por eles entregou a própria vida.

É atribuída a Martin Luther King, pastor batista e ativista, a frase: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. De fato, “o silêncio (cúmplice) dos bons” tem consentido os maiores crimes. O teólogo alemão, Martin Niemöller, escreveu: “Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar…” Muitos “vizinhos” nossos estão sendo levados... 

A indiferença do sacerdote e do levita da parábola tem sido praticada justamente por muitos daqueles que os reprovam; que dizendo ser de Cristo, seguem silenciosos, inoperantes, ou “apenas orando” como forma de aplacar suas consciências, como que dizendo “Já estou fazendo a minha parte”, como se isso cumprisse as exigências da fé autêntica, como se Deus não usasse os salvos para realizar sua vontade.

Eu escolhi me manifestar. Como cidadão de dois reinos, do reino eterno e deste meu Brasil, eu tenho compromisso com os valores cristãos e com as futuras gerações. Como servo de Deus não posso deixar de ORAR e de AGIR diante de demandas tão importantes — isso seria criminoso! Entre dois futuros possíveis para a nação, escolhi votar contra o aborto, a ideologia de gênero, a descriminalização das drogas, as falsas pautas dos “movimentos sociais”, o controle da informação, a censura, a corrupção, a violência, a impunidade etc. Não apenas declaro meu voto em Jair Messias Bolsonaro, mas te convido a refletir desprovido de paixão partidária sobre o momento atual e a necessidade de, pelo voto, reafirmarmos nossos princípios.

A oportunidade que temos de manifestar a nossa fé por meio das obras e de nossas escolhas é no tempo e no contexto em que vivemos. Aqueles que conservam uma fé pilatiana não serão inocentados de sua omissão criminosa. Pense nisso!

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