Nosso olhar é dirigido por nossos interesses, e os nossos interesses determinam nossas escolhas e nosso agir — o nosso verdadeiro tesouro está lá, para onde olhamos e para onde corremos
“…mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” (Filipenses 3:13,14)
Pr. Cleber Montes Moreira
Na pista de corridas, enquanto compete, o atleta deve sempre olhar para frente, em direção à linha de chegada. Olhar para os lados, ou para trás, é perder o foco. Aquilo que deve atrair a nossa atenção não é o que está ao redor, nem o que ficou pelo caminho, mas o que está lá na frente, ainda que, por enquanto, possa estar fora do alcance de nossa visão — numa corrida longa, durante boa parte do percurso não se pode avistar a linha de chegada, mas o competidor sabe que ela está lá.
Paulo comparou a vida cristã com uma corrida. Escrevendo aos coríntios, ele disse: “Não sabeis vós que os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio? Correi de tal maneira que o alcanceis. E todo aquele que luta de tudo se abstém; eles o fazem para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, uma incorruptível. Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar” (1 Coríntios 9:24-26). Esta corrida exige preparo e dedicação extrema, numa linguagem atual “força e foco”, porque aquele que tem o céu em vista não pode se deter, não pode se entregar ao desânimo, nem se embaraçar com as coisas terrenas (2 Timóteo 2:4).
Paulo usa o grego “skopos”, que pode ser traduzido por alvo ou meta, que indica um sinal ou marca a ser atingida.1 O alvo do cristão não é a conquista de coisas terrenas, não é uma meta temporal. Embora a vida atual seja desafiadora, e seja natural que estabeleçamos alvos e metas para este tempo, nosso alvo principal é Cristo — somos desafiados a sermos como o Mestre, a atingirmos a estatura do “homem perfeito” (Efésios 4:13) e, neste processo de aperfeiçoamento, cruzaremos a “linha de chegada” no momento de nosso encontro com Ele. Creio que por isso João tenha escrito: “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele” (1 João 3:2).
O problema do jovem rico era seu foco: seu coração estava no mundo, nas riquezas, e não na eternidade, por isso “retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades” (Mateus 19:22). Nosso olhar é dirigido por nossos interesses, e os nossos interesses determinam nossas escolhas e nosso agir — o nosso verdadeiro tesouro está lá, para onde olhamos e para onde corremos.
1 https://bibliaportugues.com/greek/skopon_4649.htm
Champlin, Russell Norman, O Novo Testamento interpretado versículo por versículo, Volume V, página 53, Candeia, SP, 1995
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