A Palavra: fevereiro 2024
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sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

A mentalidade cristã no casamento: o desafio de ser contracultural

Desafiando os padrões do mundo: construindo um casamento sólido segundo os princípios da Palavra de Deus

Casal feliz lendo a Bíblia
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Pr. Cleber Montes Moreira

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12:2)

Os casais que fundamentam seu relacionamento nos valores vigentes da sociedade não são, de fato, saudáveis.

Em nossa cultura, o casamento e a família não são valorizados, e o divórcio é uma prática aceitável e, muitas vezes, desejável. Afinal, é mais fácil jogar fora o que estragou do que lutar para consertar. Além do mais, os relacionamentos são movidos frequentemente por desejos egoístas, e as pessoas, consideradas descartáveis, logo são substituídas quando não podem mais satisfazer seus cônjuges. Foi-se a beleza, acaba o relacionamento. Se há interesses financeiros envolvidos, então a máxima é “até que o dinheiro, ou a falta dele, os separe”. Ser fiel na alegria ou na dor, na saúde ou na enfermidade, na abundância ou na escassez, na paz ou nas adversidades etc., soa mal quando as pessoas querem dividir apenas as coisas boas.

Essa mentalidade é contrária ao propósito de Deus para o casamento, que é uma aliança sagrada e indissolúvel entre um homem e uma mulher, que reflete o amor de Cristo pela sua igreja (Efésios 5:25,31-32). O casamento no Senhor não é um contrato humano que pode ser rompido por qualquer motivo, mas um pacto que só pode ser desfeito pela morte (Mateus 19:6). Não é alimentado por sentimentos passageiros, mas por amor altruísta que leva ao compromisso incondicional e sacrificial (Colossenses 3:18-19). Não é uma forma egoísta de obter prazer, mas o plano do Criador para que o homem e a mulher se completem (1 Coríntios 7:3-5) e glorifiquem a Deus.

Quem deseja um casamento saudável, de verdade, precisa adotar uma postura contracultural. Lembremo-nos de que o princípio ensinado por Paulo em Romanos 12:2 se aplica a todas as áreas da vida. Isso significa estar disposto a ser e fazer coisas que os outros não querem fazer; a cultivar os valores da Palavra de Deus, e não seguir os padrões dessa sociedade corrompida. Aqueles que se baseiam no sistema de valores temporais cultivam relacionamentos instáveis; enquanto aqueles que vivem segundo os valores do reino de Deus não se deixam ser inconstantes.

Para isso, é necessário buscar a sabedoria de Deus, que é pura, pacífica, amável, imparcial e sincera (Tiago 3:17). É preciso também contar com a graça de Deus, que nos capacita a vencer as tentações, as dificuldades e os conflitos que surgem no casamento (2 Coríntios 12:9).

Um casal que deseja um casamento duradouro e feliz precisa alinhar a sua mente aos ensinamentos da Palavra de Deus. Isso é difícil, na verdade, impossível para pessoas não salvas. Portanto, se você é solteiro, não se prenda a um “jugo desigual” com incrédulos. Pois como pode haver comunhão entre a luz e as trevas, entre Cristo e Belial, entre o templo de Deus e os ídolos? (2 Coríntios 6:14-16). Logo, se você deseja um casamento abençoado, precisa primeiro viver em comunhão íntima com Deus. Somente assim você poderá experimentar o verdadeiro amor, que provém dele e se manifesta em nós pelo seu Espírito Santo (Romanos 5:5). Por meio do Seu amor, aprendemos a amar como Ele nos ama. Em outras palavras, é através da nossa experiência com Ele que “a mente de Cristo” se desenvolve em nós e passa a governar nossa vida (1 Coríntios 2:16).

Ter uma mentalidade cristã saudável é indispensável para a construção de um casamento sólido. Não devemos nos conformar com os padrões deste mundo, mas buscar ser transformados diariamente pela Palavra de Deus, pela renovação do nosso entendimento, que nos leva à experiência de Sua boa, agradável e perfeita vontade (Romanos 12:2). Isso é indispensável para vivermos em harmonia, respeito, fidelidade, perdão e alegria com o nosso cônjuge, honrando a Deus e sendo testemunhas do seu amor ao mundo.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Entre filhos de Deus: piedade genuína ou aparência enganosa?

Atos e intenções: Desvendando a verdadeira natureza da fé — uma concisa reflexão baseada em Atos 5:1-11 com aplicações para a vida

Lobos entre ovelhas
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Pr. Cleber Montes Moreira

Texto bíblico: Atos 5:1-11

Introdução

Um artigo publicado no site “Meu Pet” em 2022, sob o título “Galinha choca ovos para pata e trata patinhos como seus filhotes”1, me fez lembrar de um antigo desenho animado de TV. A história foi compartilhada por Thiago José, um consultor de agronegócios e investidor, que testemunhou o evento em sua propriedade rural. Uma galinha, de alguma forma, encontrou seu caminho até o ninho de uma pata, chocou os ovos e agora está convencida de que é a mãe dos patinhos, que a seguem para todos os lugares.

Thiago, que reside na cidade de Divinésia, em Minas Gerais, registrou em vídeo que, desde o momento em que os ovos eclodiram, a galinha começou a cuidar dos patinhos como se fossem seus próprios filhotes. Onde quer que eles vão, ela os segue, e vice-versa.

A galinha é extremamente protetora com seus “filhotes”, nunca os deixando sozinhos. No entanto, o que mais emociona Thiago é quando os patinhos entram na água — algo natural para eles, mas não para a galinha. Como ela não pode nadar, tudo o que pode fazer é ficar na margem do lago, claramente ansiosa, enquanto observa seus pequenos se divertirem na água.

Na verdade, isso não é tão raro. Imagino que alguns membros da igreja já tenham tido experiências semelhantes em suas propriedades. Não é incomum vermos diferentes espécies convivendo harmoniosamente em nossos quintais.

Será que nas igrejas também existem vidas de naturezas distintas convivendo pacificamente? Refiro-me aos que são genuinamente filhos de Deus e aos que não o são. Assim como um patinho que segue uma galinha, ou um pintinho que segue uma pata, isso não interfere em suas naturezas; a convivência de um indivíduo não salvo com um filho de Deus não o torna salvo, a menos que nesse percurso ocorra o que Jesus chamou de “novo nascimento” (João 3:3). A história de Ananias e Safira em Atos 5:1-11 ilustra isso de maneira poderosa: eles conviviam com os salvos, mas eles eram salvos?

O que o episódio bíblico tem a nos ensinar sobre o assunto. Vejamos:

1. É possível estar entre os filhos de Deus e não ser um deles

A história de Ananias e Safira nos ensina que a presença física entre os filhos de Deus não garante a autenticidade da fé nem a entrada no Reino de Deus. Eles participavam das mesmas atividades que os demais crentes, mas suas ações revelaram uma desconexão com os valores fundamentais do evangelho que regem a vida dos salvos.

Ananias e Safira, ao mentirem sobre o valor da venda de sua propriedade, demonstraram que suas ações eram motivadas por interesses egoístas e não por um compromisso genuíno com Cristo. Essa atitude contradiz o ensinamento de Jesus em Mateus 6:24, que afirma que não podemos servir a Deus e ao dinheiro.

Este episódio serve como um aviso solene de que não basta estar na igreja para ser salvo; é necessário ser regenerado, e, como consequência do novo nascimento, viver de acordo com o evangelho e ser motivado por um compromisso autêntico com Cristo. Lembremo-nos de que Deus vê além das aparências externas e conhece os segredos de nossos corações (1 Samuel 16:7; Salmos 44:20,21; Provérbios 21:2; João 2:24,25).

2. É possível que muitas “boas intenções” e “boas ações” sejam atos de autopromoção

A Bíblia menciona “um certo homem chamado Simão” que, anteriormente, enganava o povo de Samaria com suas artes mágicas. Este, ao perceber que muitos criam na pregação de Filipe, infiltrou-se entre os crentes e também foi batizado. Ao observar os sinais e maravilhas realizados pelos apóstolos, e que, pela imposição de suas mãos, aqueles que entregavam suas vidas a Jesus recebiam o Espírito Santo, “lhes ofereceu dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo” (Atos 8:9-24). Observem que ele estava entre os crentes mas não era um verdadeiro filho de Deus, e agia com intenções desonestas e em busca de poder.

Ananias e Safira pareciam realizar uma boa ação ao vender sua propriedade e doar o dinheiro para a igreja ajudar os pobres. No entanto, eles retiveram parte do valor para si mesmos, enquanto fingiam doar a quantia total. Suas “boas ações” eram, na verdade, apenas uma forma de autopromoção.

Este ato de desonestidade, uma tentativa de imitar outros que agiam com o coração puro, não passou despercebido. Deus conhecia seus corações. Pedro, cheio do Espírito Santo, discerniu a verdade e os confrontou sobre sua mentira. Como resultado, ambos morreram instantaneamente, servindo como um claro aviso para aqueles que vivem uma encenação da vida cristã sobre a seriedade desse pecado (Atos 5:5, 10).

Ananias e Safira nos fazem lembrar a hipocrisia dos religiosos e a recomendação de Jesus aos seus ouvintes para que não dessem esmolas, orassem ou fizessem qualquer outra coisa para serem vistos e elogiados pelos homens (Mateus 6:1-6). Esses atos eram para chamar a atenção e não de verdadeiro serviço a Deus.

Que nossas boas ações sejam motivadas, não pelo anseio de autopromoção, mas pelo amor genuíno e pelo desejo de glorificar a Deus.

3. O contraste entre piedade e aparência de piedade

O apóstolo Paulo, ao abordar um comportamento que tem se tornado cada vez mais comum nos últimos tempos, menciona os “amantes de si mesmos”. Ele se refere àqueles que, mesmo estando no meio das igrejas, produzem frutos carnais em vez de espirituais. São pessoas que, embora apresentem uma aparência de piedade, vivem de maneira indigna do evangelho (2 Timóteo 3:5). Eles estão entre nós, em número cada vez maior. Talvez jamais tenhamos tido ao longo da história tantos incrédulos travestidos de crentes entre os filhos de Deus. Eles são comparáveis à azeitona-do-ceilão (Elaeocarpus serratus), uma árvore de porte médio, pertencente à família Elaeocarpaceae, originária do Sri Lanka, antigo Ceilão. Embora seu fruto, também conhecido como falsa-azeitona ou azeitona-ornamental, possua uma aparência similar à azeitona comum, a azeitona-do-ceilão tem um sabor adstringente, que provoca uma sensação de secura na boca.

Ananias e Safira, ao mentirem para reter parte do dinheiro da venda de sua propriedade, estavam, na verdade, praticando um tipo de idolatria: o interesse deles estava mais em manter e elevar a própria reputação do que em cultuar a Deus e servir aos irmãos.

Este episódio nos oferece uma reflexão profunda sobre a diferença entre a verdadeira piedade e a mera aparência de piedade; entre ser verdadeiramente salvo e apenas estar entre eles tentando imitar sua conduta.

A verdadeira piedade, exemplificada pelos apóstolos e pelos primeiros cristãos, envolve a entrega total a Deus e aos irmãos na fé, sem reservas ou segundas intenções (Atos 4:32-35). No entanto, Ananias e Safira apenas encenavam a piedade. Na verdade, eles desejavam o reconhecimento e a admiração dos outros e não se sacrificar pela causa de Cristo. Por isso, mentiram.

Este ato de hipocrisia foi severamente punido, servindo como um aviso para todos nós. Como está escrito: “Mas nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido” (Lucas 12:2). Portanto, devemos buscar um relacionamento genuíno com Cristo, como filhos de Deus, e não um cristianismo representativo.

4. É possível que muitos que caminham juntos, estejam indo para destinos diferentes

Um exemplo hipotético que ilustra essa afirmação pode ser encontrado em muitas situações reais. Imagine um casal, Pedro e Amélia. Amélia cresceu em um lar cristão e se converteu aos 17 anos. Aos 21 anos, ela conheceu Pedro e, durante o relacionamento, ele fez sua pública profissão de fé e foi batizado, tornando-se também membro da igreja. Eles se casaram quando Amélia tinha 23 anos e Pedro, 27. Passaram toda a vida na igreja, ocupando cargos e trabalhando em diversas áreas, como qualquer outro crente comprometido. Aos 52 anos, Amélia morreu de câncer, tendo glorificado a Deus com seu testemunho em sua doença. Depois de alguns meses, Pedro deixou a igreja e viveu como um incrédulo até o final de sua vida. Aqui encontramos o sentido do ensino de Jesus: “Estando dois no campo, um será levado e o outro deixado; estando duas moendo no moinho, uma será levada e a outra deixada” (Mateus 24:40,41). Podemos ampliar as ilustrações de Jesus para “estando dois vivendo sob o mesmo teto, um será levado e o outro deixado”, porque um é convertido e o outro não. Podemos estender ainda mais essa ilustração para o contexto das igrejas locais, pois também entre aqueles que congregam, alguns serão levados e outros deixados.

Há muitos que, mesmo fazendo parte da congregação local, seguem, espiritualmente, um caminho para a eternidade diferente do caminho dos verdadeiros filhos de Deus. Seu destino final não é a vida eterna com Cristo, mas a separação definitiva de Deus, a que chamamos de “segunda morte” ou “morte eterna”: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mateus 25:46).

Conclusão

A história de Ananias e Safira nos lembra que Deus vê o coração. Ele conhece as nossas verdadeiras intenções e não se deixa enganar por aparências externas de piedade. Os salvos e os que andam com eles serão separados um dia. Deus permite essa caminhada para que, na hora certa, cada um mostre a sua verdadeira natureza. Há uma frase de autoria desconhecida que diz: “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo.” Eu acrescentaria que podemos enganar até a nós mesmos, mas ninguém poderá, jamais, enganar a Deus.

Que cada um examine a sua própria fé e motivações à luz dos ensinamentos da Bíblia. Que ninguém, entre nós, seja apenas alguém que se tenha “adaptado ao evangelho”, mas que sejamos todos verdadeiros filhos de Deus; que nenhum seja como o joio entre o trigo, pois na ocasião certa, o joio será arrancado e queimado no fogo (Mateus 13:40). Pense nisso!

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1 https://www.amomeupet.org/noticias/6578/galinha-choca-ovos-para-pata-e-trata-patinhos-como-seus-filhotes (acessado em 16 de fevereiro de 2024)

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Servir ou ser servido? A inversão da lógica secular no reino de Deus

A contradição entre os valores do mundo e os valores do reino de Deus na perspectiva de Mateus 20:20-28

Rico ajudando um mendigo
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo.”
(Mateus 20:26,27)

Tudo começa com um pedido de uma mãe, que certamente desejava o sucesso de seus dois filhos: que um se assentasse à direita e o outro à esquerda de Jesus em seu reino (Mateus 20:20,21). Nos tempos antigos, os altos oficiais ocupavam essas posições nas cortes reais.

Muitos identificam aquela mulher como Salomé, irmã de Maria e tia de Jesus. Se for o caso, é possível que ela tenha procurado valer-se dos laços de parentesco para interceder em favor dos filhos, compartilhando do anseio deles por ocuparem uma posição de tamanha importância no reino que pensavam que seria inaugurado em breve.

Mães desejam o melhor para seus filhos. Nós desejamos o melhor para nós. O melhor emprego, os melhores cargos, o melhor salário, as melhores roupas, as melhores comidas, as melhores companhias, os melhores lugares nos encontros e festas sociais, ser destaque, ter sucesso…

A lógica da vida, segundo o conceito secular, é alcançar uma posição tal que, em vez de servir, a pessoa possa ser servida. Pensam que é melhor ser patrão do que empregado; que é melhor ser rico do que ser pobre. É normal que, no mundo, as pessoas naturais queiram que seus interesses prevaleçam sobre os das outras. E mesmo dentro da visão do evangelho triunfalista, o crente, dizem, é “cabeça e não cauda”.

Por causa do modo como o evangelho é pregado hoje, há muitos que se aproximam de Cristo pensando em obter vantagens. Afinal, “não sou dono do mundo, mas filho do dono”, dizem os que estão interessados nas benesses do reino do Senhor.

A expectativa daquela mãe era, certamente, a mesma de muitos judeus: esperavam um rei temporal, que se assentasse em um trono terreno, que exercesse o governo da nação e cujos cargos seriam distribuídos entre seus amigos mais chegados.

Que decepção para quem espera em Cristo apenas para esta vida e o busca apenas para o sucesso temporal ao descobrir que “o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (Romanos 14:17); que o Seu reino “não é deste mundo” (João 18:36), que neste reino a lógica é invertida: o maior é o menor, e “qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo” (Mateus 20:27).

A advertência de Jesus é: “Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal” (Mateus 20:26) — nisso reside o amor sacrificial, altruísta, de quem cumpre os mandamentos. Afinal, seguimos não a lógica do mundo, mas a do Senhor que “não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20:28).

Servir ou ser servido? A resposta identifica o reino cujas leis regem sua vida. Pense nisso!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Aos olhos de quem?

Aparência versus realidade: a perigosa ilusão da fé superficial

Pecado
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.” (Atos 5:9 — Leia os versos de 1 a 11)

Ananias e Safira são nomes conhecidos na história da igreja e lembrados por causa de sua hipocrisia. Eles aparentavam ser crentes fiéis, estavam entre os demais, frequentavam as reuniões, oravam, doavam esmolas e imitavam os outros. Aos olhos dos homens, eram crentes. Mas aos olhos de Deus…

A superficialidade da fé deles ficou exposta quando, motivados pelo desejo de reconhecimento e ostentação, optaram por uma prática enganosa. Ao venderem sua propriedade e reterem parte do valor enquanto afirmavam ter doado tudo, eles não apenas mentiram aos homens, mas ousaram tentar enganar o próprio Espírito Santo. Sua tragédia não foi apenas a morte física, mas sim a exposição de seu verdadeiro caráter: eles não eram o que aparentavam ser, mas incrédulos vivendo entre os salvos.

O episódio de Ananias e Safira serve como um alerta para todos nós. Quantos, vivendo entre os filhos de Deus, imitam suas ações: dizimam, ofertam, oram, cantam, ensinam etc., mas vivem uma fé superficial baseada em aparências e práticas externas sem, todavia, a experiência do novo nascimento. São apenas incrédulos travestidos de crentes — joio em meio ao trigo —, enganando a si mesmos e aos outros. Essa realidade deve desafiar-nos a examinar nossas próprias motivações e nossa própria fé.

Ser cristão não se resume à mera aparência ou à participação em atividades religiosas. O verdadeiro salvo é aquele que teve um encontro real com Cristo e experimentou o novo nascimento. É aquele que vive o evangelho autêntico, cujas ações são motivadas por sua nova natureza como filho de Deus (2 Coríntios 5:17).

Há alguma área em sua vida em que você não esteja sendo honesto? A mentira leva à morte. Não viva um falso cristianismo. Se você não é um convertido, arrependa-se e busque a Deus com sinceridade; ore pedindo perdão pelos seus pecados e entregue sua vida a Cristo. Lembre-se de que Deus te conhece por inteiro.

Não basta estar na igreja, em meio aos salvos, para ser um cristão; é preciso ter nascido de novo (Mateus 13:40; João 3:3,5-7). Pense nisso!

sábado, 10 de fevereiro de 2024

Cristo versus paixões: perscrutando os motivos que impulsionam nosso viver

Prioridades e paixões: afinal, o que nos move? Pelo que temos vivido?

Cristo e prioridades
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.” (Atos 20:24)

Embora não esteja descrito assim nos dicionários, podemos afirmar que “paixão” é aquilo que motiva certas pessoas, ou algo, ou alguma causa, pela qual estariam dispostas a sacrificar suas vidas.

Ao assistir a uma matéria jornalística, logo concluí que o apresentador tinha um viés, pois ao relatar as notícias não o fazia com imparcialidade, mas sim como um “torcedor” apaixonado em questões da política nacional. Muitos transformaram a política partidária em sua causa (paixão), chegando até mesmo a cometer atos desonestos, como mentir.

Quando o tema é futebol, é frequente observarmos pessoas gastando dinheiro com itens que promovem a imagem de seu time do coração, mesmo aquelas com baixo poder aquisitivo. Alguns chegam a despender recursos em viagens, ingressos e souvenirs em detrimento da saúde ou alimentação, e até mesmo em detrimento de honrar compromissos ou prover o sustento da família. Entre as torcidas, ocorrem xingamentos, brigas e até mesmo casos de violência física e homicídios. Movidos por essa mesma paixão, há entre os crentes aqueles que se atrasam ou faltam aos cultos para não perderem os jogos de seu clube preferido; a igreja e o culto público ficaram em segundo plano.

Muitos são impelidos por paixões ou causas passageiras, tendo seu foco na terra e não nos céus (Mateus 6:21).

Entre os crentes, há aqueles que já não cultivam o interesse pelas reuniões de oração, Escola Bíblica e os cultos dominicais, preferindo participar de qualquer evento social e ausentando-se por motivos fúteis. Possivelmente, assim como os crentes de Éfeso, tenham perdido o seu “primeiro amor”, deixando de colocar Cristo como prioridade em suas vidas (Apocalipse 2:4). Outros amores e paixões se apoderaram de seus corações.

A Bíblia nos ensina que o homem natural é conduzido por paixões carnais (Romanos 7:5). Timóteo foi aconselhado a fugir das “paixões da mocidade” (2 Timóteo 2:22). Paulo afirma que “os que são de Cristo crucificaram a carne com suas paixões e desejos” (Gálatas 5:24). Quanto à sua própria experiência com Deus, o apóstolo declara que não considera sua vida preciosa, desde que possa cumprir com alegria a carreira e o ministério recebidos do Senhor, para testemunhar o evangelho da graça de Deus (Atos 20:24). Em outras palavras, ele tinha uma causa que sobrepujava seus interesses pessoais; vivia para Cristo, e não para si mesmo; havia sido liberto das paixões da carne.

O que nos motiva é o que determina nosso viver, conferindo-lhe sentido e orientando o uso de nosso tempo, energia e habilidades. Se Cristo for a nossa motivação, viveremos para Ele e O serviremos com determinação e alegria; caso contrário, Ele não ocupará o primeiro lugar no coração, e, como diz a letra de uma canção, “não passa de uma ilusão”. Pense nisso!

sábado, 3 de fevereiro de 2024

Uma urgente preocupação

A atualidade da advertência de Paulo sobre os “lobos cruéis” e o desafio contínuo de preservar as igrejas na sã doutrina

Lobo com ovelha
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; e que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.”
(Atos 20:29,30)

O ministério de Paulo estava se encaminhando para o seu término, e ele expressou suas preocupações em relação às igrejas de Deus. Portanto, ele convocou os anciãos de Éfeso e fez recomendações para que vigiassem e pastoreassem dignamente o rebanho (v. 28). Nessa conversa, uma declaração de grande relevância foi proferida, merecendo especial atenção por parte das igrejas contemporâneas, sobretudo em tempos de apostasia da fé: após sua partida, “lobos cruéis” se infiltrariam entre o povo de Deus, não poupando o rebanho.

Paulo não tratava sobre os inimigos externos da igreja, mas sim sobre aqueles que, internamente e sob a aparência de líderes piedosos, disseminariam falsas doutrinas para abalar os fundamentos da fé. No Novo Testamento, diversas instâncias desse fenômeno são evidentes: os judaizantes, os gnósticos, os seguidores da doutrina de Balaão, os nicolaítas, os promotores dos ensinos de Jezabel, entre outros. Com atenção, percebemos que esses mesmos falsos ensinamentos persistem na atualidade, assim como novas heresias e falsas doutrinas são implantadas nas igrejas. Exemplos incluem a Teologia da Prosperidade, a Teologia Inclusiva, o evangelho triunfalista, uma variedade infinita de “unções”, novas “visões”, a religião coach, e outras coisas que Paulo condenaria ou rotularia como “outro evangelho” (Gálatas 1:6,8,9; 2 Coríntios 11:4).

É razoável supor que todo pastor comprometido com a verdade compartilhe da mesma preocupação do apóstolo. Já testemunhei igrejas bem orientadas, lideradas por homens fiéis e firmes doutrinariamente, que, após uma sucessão pastoral mal conduzida, passaram a acolher heresias destrutivas em doses homeopáticas, culminando em divisões ou completa apostasia da fé. Exemplos não faltam.

Não somente as igrejas locais têm sido impactadas por falsos ensinamentos, mas as estruturas das denominações históricas também têm sido infiltradas e abaladas por aqueles que buscam perverter o evangelho. Esses agentes não se limitam aos púlpitos, estendendo-se para seminários, ocupando cargos ou mesmo liderando organizações denominacionais, e estrategicamente ocupando espaço na mídia como influenciadores, entre outros.

Considerando que o apóstolo Paulo foi um zeloso defensor da verdade e enfrentou e orientou sobre a abordagem aos falsos profetas em seu ministério, é evidente que ele compreendia que os ataques visando perverter a fé não cessariam após sua partida. Seria negligente se não alertasse os líderes que ficariam. Assim como ele, todos nós que temos responsabilidade para com o povo de Deus também encerraremos a carreira (2 Timóteo 4:7). A questão crucial é: o que se seguirá? Temos orientado biblicamente e “vacinado” o rebanho? Como as igrejas reagirão às investidas dos falsos pastores? Os líderes que temos formado estão preparados para permanecer na “doutrina dos apóstolos”, enfrentar com firmeza e defender as ovelhas dos “lobos cruéis” com a mesma determinação? Essa precisa ser considerada uma urgente preocupação. Pense nisso!

Renda Extra?