A Palavra: novembro 2024
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sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Diademas e Colares: A Honra de Ouvir os Pais

A importância de ouvir e valorizar a orientação dos pais à luz das Escrituras

Pais e filho
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, porque serão como diadema gracioso em tua cabeça, e colares ao teu pescoço.”
(Provérbios 1:8,9)

As Escrituras nos ensinam a valorizar os conselhos paternos, reconhecendo que a experiência e o amor dos pais são tesouros inestimáveis para os filhos. Em Provérbios 1:8-9, somos exortados: “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe, porque serão como diadema gracioso em tua cabeça, e colares ao teu pescoço.”

Infelizmente, muitos jovens caem no erro de acreditar que possuem todo o conhecimento necessário, desprezando a sabedoria acumulada por seus pais ao longo dos anos. Frequentemente, consideram a experiência dos mais velhos como ultrapassada, acreditando que o tempo de seus pais já passou e que é melhor seguir suas próprias convicções. Tal postura, entretanto, tem levado muitos a caminhos tortuosos, desencadeando sofrimentos e arrependimentos.

A Bíblia, por outro lado, apresenta uma visão completamente diferente. Os ensinamentos dos pais são comparados a adornos preciosos: diademas e colares que embelezam a vida de quem os acolhe. Esses símbolos representam dignidade e beleza que vão além da aparência externa. Apontam para uma honra moral e espiritual reservada àqueles que respeitam e valorizam a orientação de seus pais, uma beleza ausente na vida dos filhos rebeldes.

Independentemente da idade, é essencial manter uma atitude de respeito e consideração pelos conselhos paternos. Mesmo que, à primeira vista, tais orientações pareçam desatualizadas, elas são fruto de experiências e de caminhos já trilhados, transmitidas com amor e visando sempre o bem dos filhos. Quando os pais servem a Cristo, seus conselhos têm um valor ainda maior, pois são embasados na sabedoria divina.

Ouvir os pais não é apenas um gesto de gratidão, é uma forma de honrá-los cumprindo o mandamento que diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá” (Êxodo 20:12). Este é o primeiro mandamento com promessa. Filhos bem orientados evitam armadilhas, possuem um referencial sólido para tomar decisões sábias e têm maiores chances de sucesso em suas empreitadas. Os conselhos paternos são presentes oferecidos por quem ama incondicionalmente.

Portanto, filhos, ouçam a instrução de seu pai e não desprezem o ensinamento de sua mãe. Esses conselhos são como diademas e colares, adornos preciosos que enchem a vida de honra e sabedoria. Reconheçam o privilégio de aprender com aqueles que Deus colocou em suas vidas como mestres e busquem aplicar seus ensinamentos. E lembrem-se de que a verdadeira virtude se encontra na integridade e na retidão.

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Seja um anjo para alguém

Generosidade e sacrifício: um chamado ao serviço altruísta e ao amor genuíno

Cuidando uns dos outros
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão.”
(Provérbios 17:17)

Em 2012, quando nosso filho Jônatas nasceu, enfrentamos dias extremamente difíceis. Após um parto complicado e demorado, a cesariana da Roberta não cicatrizou, deixando-a com o corte aberto por cerca de quatro meses. Durante esse período, ela não conseguia realizar muitas tarefas cotidianas nem desfrutar plenamente da nova vida como mãe.

Eu me desdobrava entre várias tarefas domésticas, cuidava do bebê, dava mamadeira, ninava e tentava fazer cessar seu choro durante as longas noites. Além disso, precisava preparar estudos, sermões e realizar outras tarefas pastorais, tudo com muitas limitações. Era exaustivo, e o tempo parecia não passar.

Foi nesse momento de lutas e aflições, quando estávamos extenuados, que Deus nos enviou dois anjos: Solange (carinhosamente chamada de Sol) e Jaqueline. Elas não são nossos parentes, mas nos fizeram experimentar o verdadeiro significado de Provérbios 18:24: “Há amigos mais chegados que um irmão.” A sabedoria popular também não erra ao afirmar que “o vizinho é o parente mais próximo”. Jaqueline morava quase ao lado, e Sol um pouco mais distante.

Elas cuidavam com muita dedicação da Roberta: faziam curativos, auxiliavam no banho e em outras necessidades. Muitas vezes, Jaqueline chegava do trabalho cheia de disposição para ajudar. Às vezes, revezavam-se para passar a noite em nossa casa; outras vezes, ambas permaneciam, proporcionando-nos alívio durante as noites. Demonstraram por nossa família um amor extraordinário que jamais esqueceremos. Por todo o cuidado que nos dedicaram, seremos eternamente gratos.

Não há nada que possamos fazer para recompensá-las pelo bem que nos fizeram. A dívida que temos para com elas é impagável. Contudo, podemos nos apropriar do princípio encontrado em Mateus 10:8: “De graça recebestes, de graça dai.” Assim como elas foram instrumentos de Deus para nos socorrer, podemos nos dispor a ser anjos d’Ele para cuidar de outras pessoas.

Ajudar voluntariamente quem precisa, sem esperar nada em troca, por amor genuíno, é comunicar graça aos necessitados, mesmo que isso exija sacrifício — afinal, servir é sempre um ato sacrificial, embora repleto de alegria. Seguindo o exemplo de Cristo, que se fez servo de todos, somos chamados a abençoar o próximo com o mesmo sentimento. Ele “não veio para ser servido, mas para servir…” (Mateus 20:28).

Seja você também o “vizinho”, o “parente mais próximo” de alguém, mesmo que não more na mesma rua. Torne-se o “amigo mais chegado que um irmão” ou o anjo de Deus na vida de quem está necessitando. Seja generoso, lembrando-se da promessa de Provérbios 11:25: “A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado” (ARA).

terça-feira, 26 de novembro de 2024

O que o papai fala, o papai faz

Do dizer ao fazer: o caminho para ensinar valores cristãos com autenticidade

Pai e filho
Imagem gerada por AI
Pr. Cleber Montes Moreira

“Trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti.” (2 Timóteo 1:5)

Dizer é fácil, fazer é difícil. Quando damos aos filhos conselhos que nem nós mesmos seguimos, ou quando lhes ordenamos fazer algo que não estamos dispostos a fazer, nossa palavra perde o valor e nossa autoridade se enfraquece.

Em casa, tomei a decisão de nunca mentir para o meu filho, nem mesmo nas pequenas coisas sobre as quais muitos costumam mentir. Foi assim que, entre outras coisas, ele nunca acreditou na existência do Papai Noel. Quando ele era pequeno e tentava desobedecer, antes de aplicar uma correção, eu dizia: “O que o papai fala, o papai faz.” De tanto ouvir isso e entender como as coisas funcionavam, certa vez, quando um coleguinha que nos visitava estava aprontando, ele o advertiu: “Cuidado, quando o papai fala, ele faz.”

É verdade que, como pais, somos imperfeitos e falhamos em muitas áreas, mas há uma em que devemos nos esforçar com mais dedicação: nossos filhos precisam confiar em nossa palavra. Eles precisam saber que, quando falamos, estamos dizendo a verdade; que, quando fazemos uma promessa, estamos comprometidos a cumpri-la, para que possam confiar em nós. Isso se aplica também à área espiritual, quando lhes ensinamos sobre os valores cristãos.

Um pai ou mãe que, ao tocar a campainha ou o telefone, manda o filho dizer que não está, não tem autoridade para ensinar que “os lábios mentirosos são abomináveis ao Senhor” (Provérbios 12:22), porque está contradizendo tal ensino. O mesmo princípio observado aqui deve se aplicar a todas as demais orientações dadas.

Todo pai e toda mãe deveriam ser capazes de dizer, como Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (1 Coríntios 11:1). E nem Paulo nem Cristo mentiam!

Lóide e Eunice ensinaram a Timóteo as sagradas letras, que frutificaram em seu entendimento, levando-o à salvação em Cristo (2 Timóteo 3:14-15). Mas garanto que elas ensinaram não apenas por palavras, mas pelo exemplo; que elas não apenas declararam com os lábios os valores que ele deveria observar para ser bem-sucedido, mas viveram esses valores, e nisso há poder. O exemplo é um argumento persuasivo!

Devemos sempre dizer a verdade para nossos filhos, porque, se se sentirem enganados, eles duvidarão de nós. Creio que até aquelas “mentirinhas” tão comuns e aparentemente inofensivas na sociedade, se as praticarmos, colocaremos nossa credibilidade em risco.

Se você prometer disciplina, cumpra-a com amor! Se prometer uma recompensa, cumpra! Mas nunca prometa o que não puder cumprir. Porque, se você não cumprir sua palavra, como esperará que seus filhos creiam quando você lhes ensinar que Deus não pode mentir e é fiel para cumprir tudo o que prometeu (Tito 1:2; Hebreus 6:18)? Portanto, ensine com a voz e com a vida! Pense nisso!

Prefiro o que vem do alto

Do medo à confiança: o apelo gospel e o que realmente importa

Bíblia
Imagem: Freepik

Pr. Cleber Montes Moreira

“Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação.” (Tiago 1:17)

Certo dia, deparei-me com um cartaz anunciando mais um daqueles eventos gospel, com o seguinte apelo: “Diabo, devolve o que é meu.” Ao ler essa frase, perguntei-me: o que, de fato, pertence ao crente e poderia estar em poder do diabo? Poderiam a mente, o coração, a alegria, o dinheiro, o tempo ou os talentos de alguns crentes estar sob o domínio dele? Será que o diabo exerce autoridade sobre os filhos de Deus? Seriam os salvos vulneráveis às suas investidas?

Muitos vivem aterrorizados com o “tinhoso”, apavorando-se só de ouvir seu nome. Alguns dedicam esforços para amarrá-lo, dominá-lo, pisá-lo, dentre outras coisas. Outros, mais ousados, chegam ao ponto de dialogar com demônios em entrevistas públicas antes de expulsá-los. Em certas igrejas, o inimigo tornou-se a principal atração, ou, ouso dizer, o “garoto-propaganda” de eventos e celebrações. Como bem observou um certo pastor, vivemos em um país “cristambeiro”, onde as práticas de alguns grupos que se intitulam evangélicos se confundem com rituais muito estranhos e alheios aos ensinos bíblicos.

Contudo, aprendi que, para vencer o diabo, não é necessário viver amedrontado, pensando ou falando dele constantemente. A Bíblia nos ensina um caminho claro para resistir às suas investidas. Aqueles que são nascidos de Deus não vivem na prática do pecado e, por isso, “o maligno não lhes toca” (1 João 5:18). Quem se reveste de toda a armadura de Deus permanece firme “contra as astutas ciladas do diabo” (Efésios 6:11). O cristão que não se embriaga com o pecado, mas mantém-se sóbrio e vigilante, não é apanhado em armadilhas, mas resiste pela fé (1 Pedro 5:8). Tiago apresenta uma receita infalível: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7). Note que o primeiro passo é sujeitar-se a Deus — algo que muitos relutam em fazer.

“Diabo, devolve o que é meu”? Não! Afirmo com convicção que nada do que é meu está em poder do diabo. Tudo o que possuo é fruto da graça de Deus. Não preciso exigir devolução ou clamar por restituição. Além disso, qualquer coisa que, porventura, esteja nas mãos do diabo não é digna do meu interesse. Prefiro o que vem do alto, “do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17). Ele, com amor, me sustenta a cada dia.

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A Lição da Corda Quebrada: Um Chamado à Unidade e ao Serviço no Corpo de Cristo

Uma metáfora sobre a harmonia e o papel de cada membro no Corpo de Cristo

Violão
Imagem: Freepik
Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também… Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.” (1 Coríntios 12:12,18)

Durante o culto dominical, um pequeno incidente levou-me à reflexão. Enquanto a equipe de louvor ministrava, a corda do violão do irmão Alexandre se rompeu, forçando a interrupção da música e evidenciando como um único elemento pode comprometer a harmonia do conjunto. Após um breve hiato, o violão foi substituído, e tudo voltou ao normal.

Esse episódio ilustra bem o funcionamento da igreja. A Escritura nos ensina que cada crente recebe dons espirituais, não para sua própria glória, mas para o serviço e a edificação do corpo de Cristo. Como afirma o apóstolo Paulo: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil” (1 Coríntios 12:7).

A negligência no uso dos dons espirituais resulta em consequências semelhantes às de uma corda quebrada: interrompe o fluxo harmonioso do trabalho cristão. Na parábola dos talentos, Jesus adverte sobre o perigo de não utilizar os recursos confiados (Mateus 25:14-30). Quando um crente deixa de exercer seu dom, não apenas se omite, mas também se torna um obstáculo ao avanço do evangelho.

Ao comparar a igreja a um corpo, Paulo enfatiza a importância de cada membro: “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo” (1 Coríntios 12:12). Mesmo os membros aparentemente — e apenas aparentemente — menos importantes são essenciais. Quando um deles falha, todo o corpo sofre as consequências.

A verdadeira harmonia que agrada a Deus ocorre quando os salvos operam em sintonia, sob a direção de Cristo, o Senhor e Cabeça da igreja. Como Paulo escreveu aos Efésios, devemos “crescer em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em amor” (Efésios 4:15-16).

Assim como um violão necessita de todas as cordas para produzir acordes melodiosos, a igreja depende da cooperação de cada membro para funcionar plenamente. A omissão no uso dos dons é pecaminosa: atrofia o crente, entristece o Espírito Santo e prejudica a obra de Deus.

Uma corda quebrada não cumpre seu propósito. Portanto, seja você uma corda vibrante na sinfonia divina. Não permita que a indiferença silencie o serviço que glorifica ao Senhor. Em vez disso, busque ser um instrumento útil, operando em harmonia com os demais, servindo com alegria e dedicação.

Cajati (SP), em 25 de novembro de 2024

Lembrai-vos da mulher de Ló

Olhar para trás ou seguir em frente: a escolha entre a vida e a morte

Mulher de Ló
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal.”
(Gênesis 19:26)

Embora a motivação exata que levou a mulher de Ló a olhar para trás não seja revelada, sua transformação em uma estátua de sal (Gênesis 19:26) é um alerta espiritual poderoso. Este episódio destaca os perigos de se apegar ao mundo e às suas ilusões, ou mesmo de olhar para ele por mera curiosidade, criando situações para ceder às tentações. Muitas pessoas, mesmo congregando entre os salvos, guardam uma nostalgia secreta pelo passado, saudosas pelos prazeres efêmeros e pelos costumes mundanos que se opõem à vida santa e digna do evangelho.

Quando Deus ordenou que Ló e sua família escapassem da destruição de Sodoma e Gomorra, o comando era claro: não olhem para trás. Essa instrução transcendia um simples movimento físico, simbolizando um rompimento total com um sistema corrompido, marcado pelo pecado e pela rebeldia, que despertava a ira divina. O mundo, com seus múltiplos atrativos, pode parecer agradável para corações afastados de Deus, mas conduz inevitavelmente à perdição.

C. S. Lewis certa vez escreveu: “Este mundo tem sido tão gentil com você que você iria deixá-lo com pesar? Há coisas melhores à frente do que qualquer coisa que deixemos para trás.” A mulher de Ló, no entanto, exemplifica o oposto dessa visão. Seu olhar para trás revelou o apego a algo que a condenou e a impediu de experimentar as bênçãos e o propósito divino para sua vida.

O próprio Jesus adverte: “Lembrai-vos da mulher de Ló” (Lucas 17:32). Essa exortação nos desafia a não repetirmos seu erro fatal. Apegar-se ao pecado, às estruturas antigas e às paixões mundanas significa rejeitar a vida eterna. Quem deseja seguir verdadeiramente a Deus precisa romper completamente com o passado, fixar os olhos em Cristo e, com fé, seguir o caminho proposto por Deus — Ele terá sempre um lugar melhor para os fiéis!

A transformação da mulher de Ló em uma estátua de sal é uma metáfora impactante: quem olha para trás fica paralisado, preso ao passado e incapaz de avançar nos caminhos de Deus. A escolha é pessoal — viver aprisionados por memórias e desejos carnais ou seguir adiante, permitindo que o Senhor escreva uma nova história repleta de bênçãos e com a garantia da vida eterna. Pense nisso!

sábado, 23 de novembro de 2024

Porque Dele, por Ele e para Ele: Reconhecendo o Propósito Divino para nossas vidas

Como reconhecer o sentido da vida transforma nossas perspectivas e atitudes

Lendo a Bíblia
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém.” (Romanos 11:36)

Isaura tinha uma vida conturbada e sentia-se profundamente infeliz.

Ela lamentava não ter cursado a universidade nem conquistado boas oportunidades no mercado de trabalho. Aos 42 anos, viúva, trabalhava fora e cuidava sozinha dos três filhos. O mais velho, de dezesseis anos, causava-lhe grande preocupação: tinha um temperamento difícil, não ajudava nas tarefas domésticas, evitava os estudos, relacionava-se mal com as pessoas e passava o dia entre o videogame e o celular.

Embora fosse membro de uma igreja evangélica, Isaura participava pouco das atividades. Sentia-se inferior, acreditando que suas roupas simples atraíam olhares críticos. Interpretava negativamente até comentários inocentes, achando que eram dirigidos contra ela. Via defeitos em todos e, por isso, sentia-se isolada e rejeitada.

Certo dia, durante um atendimento pastoral, emocionalmente fragilizada, Isaura confessou sua infelicidade. Disse, entre outras coisas, que Deus não respondia às suas orações, que seus esforços para melhorar a vida eram inúteis e que já havia pensado em suicídio. O pastor, então, perguntou: “Isaura, por que Deus te colocou no mundo?” Ela silenciou. Não tinha resposta.

Não saber a razão de sua existência, o propósito de sua vida, é algo terrível. Isaura vivia centrada em si mesma, imersa nos próprios problemas, tentando resolvê-los e buscando a felicidade, sem sucesso. Trabalhava para sustentar sua família, sonhava com realizações pessoais e alimentava expectativas próprias, mas não reconhecia o propósito de Deus em sua vida. Por isso, murmurava tanto, não encontrava prazer em nada, desprezava as bênçãos e oportunidades do dia a dia e não demonstrava empatia por quem enfrentava condições ainda piores. Em sua busca pessoal, isolara-se em um mundo só seu. Não compreendia o significado das palavras: “Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Romanos 14:7-8).

Isaura ficou muda por vários minutos, enquanto o pastor apenas olhava firmemente em seus olhos. Até que abaixou a cabeça e começou a chorar. A pergunta aparentemente simples para um cristão, mas para a qual ela ainda não tinha uma resposta prática, abalou suas estruturas.

Deus não nos colocou no mundo para sofrer, mas sofremos. Ele não nos criou para a escassez, mas estamos sujeitos a ela. Não nos planejou para o fracasso, mas qualquer um pode fracassar. Desde que o pecado entrou no mundo, toda criação geme. Entretanto, somos convidados a reconhecer o propósito divino para nossas vidas e ter verdadeiro contentamento em Deus, como nos ensinou o apóstolo Paulo: “Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece” (Filipenses 4:12-13). A resiliência de Paulo não era fruto de otimismo vazio, mas de seu conhecimento e confiança em Deus. Certa vez disse: “...porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (2 Timóteo 1:12). Esta convicção determinava sua perspectiva sobre a vida.

Deus nos criou com um propósito e nos deu uma missão no mundo, que não implica viver para nós mesmos. “Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente” (Romanos 11:36). Fomos criados por Ele, somos dEle e devemos viver para Ele; para a Sua glória! Nenhuma pessoa que vive aquém desse propósito terá contentamento na vida. Esta é a razão de tanta gente infeliz!

Por que Deus te colocou no mundo? Ele está olhando firmemente em seus olhos, aguardando sua resposta. É ela que molda sua perspectiva sobre a vida. Pense nisso!

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Cumpramos a missão com alegria

Viver para Deus: acima de qualquer circunstância

Paulo na prisão
Imagem gerada por AI

Pr. Cleber Montes Moreira

“E quero, irmãos, que saibais que as coisas que me aconteceram contribuíram para maior proveito do evangelho; de maneira que as minhas prisões em Cristo foram manifestas por toda a guarda pretoriana, e por todos os demais lugares; e muitos dos irmãos no Senhor, tomando ânimo com as minhas prisões, ousam falar a palavra mais confiadamente, sem temor.” (Filipenses 1:12-14)

Embora enfrentasse severas perseguições por causa do evangelho, Paulo não se vitimizava. Ele compreendia que, em todas as circunstâncias, Deus estava no controle, usando sua vida como instrumento para cumprir os Seus santos propósitos. Em vez de reclamar ou se entregar à amargura, o apóstolo mantinha um espírito de gratidão. Foi com essa perspectiva que escreveu aos tessalonicenses: “Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5:18). A instrução não é dar graças por tudo, mas em tudo.

Para os incrédulos, adotar essa postura em meio a circunstâncias extremas parece loucura. Demonstrar gratidão, alegria e contentamento enquanto se enfrenta dificuldades — até mesmo dentro de uma prisão — é algo incompreensível para aqueles que pertencem ao mundo. Mas, para nós, cristãos, é uma expressão da fé genuína. Paulo enxergava nas adversidades oportunidades únicas de proclamar o evangelho. Ele sabia que havia pessoas que, de outra forma, jamais seriam alcançadas pela mensagem da salvação. Além disso, o vigor de sua fé encorajava outros irmãos a pregarem com maior ousadia — seus sofrimentos eram um estímulo para os fiéis!

E nós? Será que temos a mesma consciência de que estamos a serviço de Deus e de que todas as coisas cooperam para o cumprimento de Seus planos? Ou gastamos tempo demais murmurando, perdendo de vista o nosso chamado?

Que estejamos sempre preparados para anunciar a Cristo em qualquer situação, conforme a exortação paulina: “Pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo” (2 Timóteo 4:2). Sejamos fiéis, seja em liberdade ou em prisão, na alegria ou na dor, em dias de paz ou de guerra, na saúde ou na enfermidade, na abundância ou na opressão (Filipenses 4:12,13). Quem somos em Cristo e a missão que recebemos estão acima de qualquer circunstância terrena. Afinal, nossa permanência neste mundo só tem sentido porque há uma missão a cumprir.

Que, como servos do Senhor, desempenhemos essa missão com alegria, confiando que Aquele que nos chamou é fiel e poderoso para realizar Sua obra através de nós! Pense nisso!

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Não por força, nem por violência

Mansidão e dependência: a verdadeira arma do cristão

Evangelizando
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Pr. Cleber Montes Moreira

“E respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.”
(Zacarias 4:6)

Enquanto voltávamos de uma viagem missionária, alguns irmãos de nossa caravana compartilhavam seus testemunhos sobre as experiências vividas. Um dos evangelistas contou que, ao abordar um homem, ouviu dele: “Se você continuar falando desse Jesus, te dou um soco na cara!”. O crente, calmamente, prosseguiu falando do Senhor e do plano de salvação. De repente, seu ouvinte desferiu-lhe um soco no nariz. Ele abaixou a cabeça, e o sangue escorreu até o chão. Instantes depois, levantou-se, ensanguentado, e continuou, com mansidão, apresentando o evangelho. Enquanto ele ainda falava sobre o grande amor de Deus, o homem violento não conseguiu conter-se e começou a chorar. Arrependido, não apenas de sua violência, mas de seus pecados, aceitou a salvação oferecida. Naquela mesma noite, já estava na igreja junto a outros irmãos.

Ao recordar este relato, não penso apenas na lição sobre evangelização, mas também no modo como resolvemos os conflitos. O evangelista não respondeu rispidamente, mas manteve uma postura branda, humilde e amorosa, o que desarmou seu oponente. Quantas vezes tentamos resolver as coisas com um espírito beligerante, agindo de forma impulsiva, “partindo para a briga” e tentando impor nosso ponto de vista! No entanto, isso não funciona. Agindo assim, criamos batalhas desnecessárias e gastamos energia em esforços inúteis. Quem age dessa forma não se torna vitorioso, mas derrotado.

Jesus nos ensinou um princípio poderoso: “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mau; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas” (Mateus 5:38-41).

Outro exemplo relevante é o de Zorobabel, governador de Judá, que recebeu de Deus a missão de reconstruir o templo no período em que os primeiros cativos retornavam da Babilônia. Diante da oposição dos inimigos que tentavam enfraquecê-lo e impedir a obra, o Senhor usou o profeta Zacarias para lembrá-lo de onde vem a verdadeira força e poder: “Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zacarias 4:6).

Quem se exalta, confia em suas próprias forças e recorre a armas humanas não está apto para vencer certas batalhas. Por outro lado, aquele que se humilha debaixo da potente mão do Altíssimo e se faz dependente do Todo-Poderoso tem vitória garantida. Não importa o que seus inimigos ousem fazer, pois, “agindo Deus, quem o impedirá?” (Isaías 43:13).

O modo como agimos e reagimos diante de conflitos e oposição revela muito sobre nosso caráter, e também determina nossos sucessos ou fracassos. Que possamos confiar no Senhor e agir conforme os princípios que Ele nos ensina, para que, em todas as coisas, Seu nome seja glorificado. Pense nisso!

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Fumaça, fogo e prejulgamentos

Entre fatos e boatos: um chamado ao discernimento bíblico

Julgamentos
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Não julgueis, para que não sejais julgados”
(Mateus 7:1)

Na cultura popular, duas máximas frequentemente repetidas merecem uma análise crítica. A primeira diz que “onde há fumaça, há fogo.” A segunda, um provérbio português, afirma que “o povo aumenta, mas não inventa.” Apesar de parecerem inofensivas, essas expressões muitas vezes servem como justificativa para prejulgamentos que podem causar danos irreparáveis.

O prejulgamento — ou seja, formar opiniões ou emitir juízos sem base suficiente — é uma prática severamente advertida nas Escrituras. O próprio Cristo nos exorta: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:1-2). Esse ensino não é apenas um conselho, mas um princípio essencial para a convivência justa e harmoniosa.

Em 2014, Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, foi vítima de um prejulgamento cruel. Ela foi espancada por dezenas de moradores de Guarujá, litoral de São Paulo, após ser identificada como a pessoa de uma foto falsa que circulava na internet. O boato alegava que a mulher sequestrava crianças para rituais de magia negra. Baseados nesse “reconhecimento”, os moradores decidiram fazer “justiça com as próprias mãos.” Dois dias depois, Fabiane faleceu. A nota que originou a tragédia era completamente falsa.

Outro caso emblemático ocorreu anos antes, em São Paulo. Um casal que trabalhava com transporte escolar foi acusado de abusar sexualmente das crianças sob seus cuidados. A mídia divulgou extensivamente as acusações, e a opinião pública logo os declarou culpados. No entanto, após investigações, descobriu-se que as denúncias eram infundadas, e o casal era inocente. Sendo absolvidos das falsas acusações, o Ministério Público deu o caso por encerrado e permitiu a troca dos nomes dos acusados para que pudessem iniciar uma vida nova. Mas o prejuízo foi incalculável e as feridas criaram marcas que ficarão para sempre na memória.

Nos dois casos citados, a “sabedoria popular” revelou ser uma enorme ignorância: havia fumaça, mas não fogo; o povo inventou e aumentou, sem dó nem compaixão, com o agravante de falsos testemunhos. É certo que até aqueles que fazem uso de tais regras não querem ser julgados pelos mesmos critérios. Este julgamento impiedoso, injusto e punitivo é severamente combatido por Jesus: “Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mateus 7:1-2). Comentando o ensino de Jesus, William Barclay disse bem: “Houve tantos casos de julgamentos equivocados que se acreditaria que os homens deveriam aprender a abster-se totalmente de julgar a outros.” Os juízes erram, quanto mais as pessoas comuns.

Consideremos, pois, estas exortações: “Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não te levantarás contra o sangue do teu próximo” (Levítico 19:16); “Não façais juízo segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça” (João 7:24); “Não julgueis coisa alguma antes do tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas” (1 Coríntios 4:5).

Nossa responsabilidade como cristãos é buscar a verdade fundamentada em fatos, não em rumores. Devemos exercitar o discernimento com sabedoria e amor, lembrando sempre que “o amor cobre multidão de pecados” (1 Pedro 4:8).

“Ouvi dizer” não é, necessariamente, verdade. Nossa opinião deve ser formada com base em fatos, e não em boatos. Cuidado com as calúnias, além de ser pecado, têm poder destruidor. Podemos formular juízo, opinião embasada, mas não estabelecer prejulgamentos nem condenações. Deus nos deu senso crítico, mas não nos constituiu juízes. E, finalmente, a Bíblia e não a “sabedoria popular” deve reger nossas convicções e ações. Pense nisso!

Lágrimas, nunca mais!

A promessa de consolo eterno para os filhos de Deus

Olhando para o céu
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Pr. Cleber Montes Moreira

“E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus. E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas.”
(Apocalipse 21:3-4)

A lágrima mencionada neste texto não é aquela produzida pelas glândulas lacrimais para lubrificar os olhos, mas sim a que simboliza o sofrimento, as tristezas e os dissabores que enfrentamos ao longo da vida. Quem nunca chorou? Quem nunca experimentou profunda tristeza? Quem nunca suportou aflições?

O choro pode ser provocado por dor física ou emocional. Alguns choram com facilidade, outros resistem em demonstrar suas lágrimas. Há quem chore em segredo e quem derrame lágrimas apenas no coração. Seja sensível ou reservado, todos choram. Choramos diante das incertezas, decepções, enfermidades, crises, perdas, depressão e morte. Há até mesmo quem chore sem conseguir identificar o motivo.

Jesus também chorou. Ele chorou diante do túmulo de Lázaro (João 11:35), lamentou a rebeldia de Jerusalém (Lucas 19:41-46) e, no Getsêmani, sua alma foi tomada por tamanha tristeza que seu suor tornou-se “como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Mateus 26:38; Lucas 22:44).

Os motivos para o choro são muitos. Contudo, o maior deles deveria ser o sofrimento causado pelo pecado. Davi chorou por diversos motivos, mas o mais profundo foi a dor de se afastar de Deus. Ele clamou arrependido no Salmo 51, expressando um coração quebrantado. Infelizmente, uma das maiores tragédias da sociedade atual é a falta de lágrimas sinceras por causa do pecado. Tiago exortou: “Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o vosso gozo em tristeza” (Tiago 4:9).

Quem chora arrependido diante de Deus hoje não chorará na eternidade. A promessa é clara: “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4). Lágrimas, nunca mais! Não haverá mais razões para o sofrimento, pois Deus habitará no meio do seu povo. Onde Deus está, não há dúvidas, crises, dores, abandono, morte ou pecado. Há apenas vida — e vida em abundância.

Essa promessa é exclusiva para aqueles que foram salvos por Cristo, que um dia derramaram suas lágrimas de arrependimento diante do Senhor. Esses desfrutarão da comunhão eterna com Deus.

E você? Já chorou o choro do arrependimento por seus pecados? Pense nisso!

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O Evangelho Visível: Adoção Como Expressão do Amor Divino

“O mundo pode não mudar se você adotar uma criança, mas para essa criança o mundo dela mudará” (autor desconhecido)

Pais e filho
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus…” (1 João 3:1)

A adoção ainda é um tema delicado para muitas pessoas. Alguns hesitam diante das responsabilidades e desafios que ela envolve. Há quem pense que é necessário alcançar uma estabilidade financeira ideal antes de acolher uma criança. Outros evitam o assunto por medo de situações problemáticas, como histórias de filhos adotivos que se tornaram rebeldes. Há também aqueles que preferem evitar o trabalho que a paternidade exige, sem considerar as alegrias abundantes que ela proporciona. Muitos simplesmente optam por não ter filhos ou preferem ser “pais de pets” — reflexo de uma sociedade adoecida que, cada vez mais, valoriza os animais acima das pessoas. No entanto, há inúmeras histórias de sucesso e testemunhos edificantes que mostram como a adoção pode ser uma bênção tanto para os adotados quanto para os adotantes.

Li certa vez uma frase muito interessante: “O mundo pode não mudar se você adotar uma criança, mas para essa criança o mundo dela mudará” (autor desconhecido). Que oportunidade preciosa Deus nos concede de transformar o mundo de alguém — e, ao mesmo tempo, o nosso! Caitlin Snyder escreveu: “Embora a adoção não desfaça o passado, adotar uma criança, e mais especificamente uma criança mais velha, dá a uma família adotiva o privilégio de escrever as partes da história da criança que ainda não foram escritas.” Como bem disse John Piper: “A adoção é o evangelho visível.” De fato, ela reflete o amor de Deus por nós e nos lembra que a graça recebida deve ser graça compartilhada.

A Bíblia nos apresenta exemplos inspiradores de adoção. Moisés, o libertador de Israel, foi adotado pela filha de Faraó depois de ser encontrado em um cesto no rio Nilo (Êxodo 2:5-10). Deus, em Sua soberania, preservou a vida de Moisés, livrando-o de um decreto mortal. Ele foi criado no palácio, educado no contexto egípcio e, posteriormente, forjado no deserto para cumprir o plano divino de libertar Seu povo.

Outro exemplo marcante é o de Ester, uma jovem órfã criada por seu primo Mordecai como sua própria filha. Mordecai a amou, protegeu e orientou, e Deus usou Ester como instrumento para salvar o povo de Israel do plano genocida de Hamã (Ester 2:7; 4:14). Essas histórias mostram como a adoção, vista sob a perspectiva divina, é uma ferramenta para abençoar vidas e cumprir propósitos maiores.

A adoção encontra sua expressão mais sublime no próprio relacionamento entre Deus e os salvos. Antes de conhecerem a Cristo, eles estavam “mortos em ofensas e pecados”, andando nos desejos da carne e sendo “por natureza filhos da ira”, separados de Deus (Efésios 2:1,3; Colossenses 1:21). Mas, ao crerem em Jesus como Senhor e Salvador, foram feitos filhos de Deus por adoção: “E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:5). Por meio dessa adoção espiritual, não somos mais estranhos, mas “concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios 2:19).

Essa filiação não é fruto de mérito humano, mas da graça e misericórdia divinas; Deus não nos adotou porque éramos como “crianças boazinhas e comportadas”, mas por Seu grande amor. Como afirma o apóstolo João: “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus” (1 João 3:1).

Adotar uma criança significa oferecer a ela o mesmo amor, o cuidado, as oportunidades, os privilégios e os deveres de um filho biológico. Jeferson Zahorcak define a adoção como “um compromisso de amor e importância, onde o filho escolhido deve sentir-se gerado na esperança e no afeto da nova família”.

Se você carrega algum receio ou preconceito em relação à adoção, é tempo de repensar o assunto. Lembre-se de que o nosso maior exemplo vem de Deus, que nos fez “filhos por adoção”. E isso deveria ser suficientemente poderoso e digno de imitação. Pense nisso!

sábado, 16 de novembro de 2024

Chefe Secreto

Servos à prova: A fidelidade sob o olhar do Mestre invisível

Chefe secreto
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o seu senhor constituiu sobre a sua casa, para dar o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo que o seu senhor, quando vier, achar servindo assim.” (Mateus 24:45,46)

Houve um programa de TV intitulado “Chefe Secreto”, que fez grande sucesso. Era a adaptação brasileira do formato inglês Undercover Boss. A proposta era levar um alto executivo de uma empresa, disfarçado, para passar uma semana infiltrado entre os funcionários, observando de perto a rotina deles e identificando possíveis falhas e processos que pudessem ser aperfeiçoados. O executivo passava por uma transformação para não ser reconhecido, submetia-se a diferentes tarefas, se relacionava com os funcionários, conhecia detalhes da vida de alguns deles e via de perto a estrutura e o funcionamento do negócio. Ao final da semana, uma avaliação era feita e, para surpresa de muitos, a verdadeira identidade do chefe era revelada. Interessante é que, em alguns casos, o executivo se sensibilizava com certas situações e histórias que ouvia dos “colegas”.

Os bons funcionários, sob a visão do patrão disfarçado, se destacavam e, alguns, até recebiam recompensas. Entretanto, embora não fosse o foco do programa, havia também aqueles que se saíam mal: chegavam atrasados, trabalhavam sem vontade, eram displicentes, negligentes ou até desonestos. Para esses maus funcionários, a surpresa final certamente não era agradável; no mínimo, ficavam envergonhados.

O Chefe Secreto nos proporciona uma reflexão oportuna: e se Cristo se infiltrasse na igreja, disfarçado como um crente comum? O que Ele veria? Quais problemas detectaria? Que tipo de igreja, pastores, membros, servos, líderes e adoradores encontraria?

O Senhor não precisa recorrer a um disfarce para conhecer Sua igreja e cada crente. Ele é conhecedor de todas as coisas. Ele tudo vê. Sabe dos nossos pensamentos, sentimentos, interesses e se temos sido sinceros ou não, obedientes ou desobedientes; se buscamos nossa própria glória ou a glória de Deus; se vivemos os valores do Seu reino ou nos conformamos com o mundo. Ele conhece nosso testemunho e sabe se o evangelho que vivemos é verdadeiro ou falso. Ele sabe tudo, absolutamente tudo! Neste exato momento, Ele nos contempla. Estamos completamente expostos diante de Seus olhos.

Portanto, consideremos esta palavra: quando o Senhor voltar, como encontrará cada servo que Ele mesmo constituiu sobre a Sua casa? Pense nisso!

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Generosidade em Tempos de Egoísmo: Um Chamado à Prática Cristã

Cristianismo prático: Reflexões sobre a generosidade e o amor sacrificial

Generosidade
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Pr. Cleber Montes Moreira

“A alma generosa prosperará, e quem dá a beber será dessedentado.”
(Provérbios 11:25 ARA)

Um youtuber, disfarçado de mendigo, aproximou-se de uma casa e bateu à porta pedindo algo para comer. A moradora, ao atendê-lo, explicou que estava ocupada preparando o almoço para o filho, que logo chegaria da escola, e para o marido, que estava no trabalho. No entanto, sem hesitar, entrou rapidamente na cozinha, preparou um prato de comida e o entregou ao “mendigo”, junto com um copo de suco. Comovido pela generosidade dela, o “mendigo” agradeceu e perguntou quanto deveria pagar. Surpresa com a pergunta, a mulher respondeu que não custava nada, pois era um gesto de coração. Foi então que o youtuber revelou sua verdadeira identidade e, como forma de recompensá-la por sua bondade, presenteou-a com uma quantia generosa em dinheiro.

Vivemos em uma época onde o amor desmedido por si mesmo impera. O apóstolo Paulo previu isso ao descrever os últimos dias como tempos difíceis, caracterizados por pessoas “amantes de si mesmas” (2 Timóteo 3:2). Esse egoísmo evidente se manifesta no isolacionismo e nas ações pecaminosas voltadas apenas para os interesses próprios, frequentemente em detrimento dos outros. Em meio a essa realidade, a generosidade está desaparecendo. Muitos querem ser abençoados, mas poucos estão dispostos a abençoar. Querem receber, mas evitam dar; anseiam por benefícios, mas resistem ao sacrifício de ajudar quem precisa.

O Comentário de A. R. Fausset nos dá uma visão clara da “alma generosa” ao descrevê-la como “a alma dos bem-aventurados — isto é, a alma que abençoa os outros.” Generosidade implica um desejo genuíno de beneficiar os outros, muitas vezes à custa de algo que nos é valioso. Essa disposição reflete o amor sacrificial exemplificado nas Escrituras.

O Dicionário Online da Língua Portuguesa (DICIO) define “generoso” como aquele que é “capaz de deixar de lado os seus próprios interesses para ajudar outra pessoa”. Na Bíblia, encontramos muitos relatos de pessoas que fizeram exatamente isso. Abraão, por exemplo, ao lidar com a disputa entre seus pastores e os de Ló, seu sobrinho, não hesitou em dar a ele a preferência para escolher a terra em que desejava habitar. Esse ato sacrificial demonstra que ele escolheu ser generoso em vez de pensar em seu próprio benefício (Gênesis 13:8-9). Da mesma forma, em 2 Coríntios 8:5, os cristãos da Macedônia nos oferecem um belo exemplo de generosidade, ao se entregarem primeiramente ao Senhor e, depois, aos outros, superando suas dificuldades financeiras. A verdadeira generosidade vai além das palavras — ela é prática, envolve renúncia e entrega pessoal; mesmo quando temos primazia, escolhemos servir e honrar o outro (Mateus 20:28).

O verdadeiro amor, segundo Paulo, “não busca os seus interesses” (1 Coríntios 13:5). E, em sua carta aos Filipenses, ele exorta: “Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros” (Filipenses 2:4). No entanto, é assim que os cristãos de hoje estão vivendo? Estão realmente dispostos a abrir mão de algo por amor ao próximo? São capazes de colocar em prática o ensino de Paulo, olhando para além de suas próprias necessidades e desejos? Ou será que estão absorvidos em uma vida que gira exclusivamente em torno de seus próprios interesses?

O versículo de Provérbios nos ensina uma lei poderosa: “Quem dá a beber será dessedentado” (Provérbios 11:25, ARA). Esse princípio divino, embora não deva ser usado como uma fórmula para barganha, nos lembra da lei da semeadura e da colheita — o que plantamos, certamente colheremos. Jesus reforça essa verdade em Mateus 5:7: “Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.”

Ao refletirmos sobre a generosidade, somos levados a contemplar a imensa generosidade de nosso Pai celestial, que nos deu Seu próprio Filho para nos salvar. Sua bondade e compaixão são nossa maior inspiração e motivação para abençoar os outros. Assim como Ele é generoso conosco, somos chamados a estender essa generosidade ao próximo, não apenas em palavras, mas em ações concretas que revelem o amor de Cristo.

Que possamos, então, cultivar uma alma generosa, que prospera não pelos próprios méritos, mas pela disposição de ser uma fonte de bênção aos que têm sede. Em um mundo cada vez mais voltado para si, que a nossa generosidade resplandeça como luz, apontando para a bondade de Deus e atraindo outros à Fonte de toda a graça.


Cajati (SP), em 14 de novembro de 2024

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Batman e o Mar Vermelho

O Perigo de Adorar a Criatura em Vez do Criador

Batman abrindo o Mar Vermelho
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.”
(Isaías 42:8)

Meu filho Jônatas, ainda criança, já demonstrava uma imaginação fértil. Logo após assistir a um episódio bíblico em um seriado de TV que retratava Deus abrindo o Mar Vermelho por meio de Moisés para que os hebreus passassem, ele resolveu recriar a cena à sua maneira. Com uma ideia na mente, um boneco do Batman na mão e muita criatividade, agora era o herói de brinquedo quem, cheio de poder, abria o Mar.

Essa brincadeira infantil, tão inocente, me levou a refletir sobre um erro que muitos adultos cometem: atribuir a homens falhos os milagres operados por Deus, glorificando a criatura em vez do Criador, honrando o que é finito e desprezando o Eterno.

Em certas datas religiosas do nosso calendário, são comuns as romarias — peregrinações de fiéis a cidades, lugares ou templos considerados sagrados. Muitas dessas pessoas vão em busca de cura ou para “pagar uma promessa”. Normalmente, a TV cobre esses eventos e entrevista fiéis que contam bênçãos, atribuindo curas, empregos e outros milagres a algum santo. É como se de Pedro, João, José, Maria ou qualquer outro homem pudesse emanar poder ou virtude (Atos 10:26). Acreditam que, mortos e representados por imagens ou estátuas, podem agir em favor dos vivos e conceder-lhes alguma graça, ignorando que “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação” (Tiago 1:17). Assim, honram e servem mais à criatura do que ao Criador (Romanos 1:25), provocando a ira divina.

A Bíblia declara que aqueles que recorrem aos santos ou a outros deuses desconhecem a verdade: “Nada sabem os que conduzem em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um deus que não pode salvar” (Isaías 45:20). Ignoram, também, o mandamento claro: “Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas nem as servirás...” (Êxodo 20:3-5).

Somente Deus é o Criador. Ele governa o universo, dá a vida e sustenta todas as coisas. Dele procedem todas as bênçãos, e somente Ele é digno de toda honra e louvor. Sua glória Ele não dá a outro! Por isso, façamos nossas as palavras de Paulo: “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele” (1 Coríntios 8:5-6). Pense nisso!


Itaperuna (RJ), novembro de 2016.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Apenas Este Maná?

O Pão do Céu e a Busca por Outros Alimentos

Self service com Bíblia
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos”
(Números 11:6)

O maná foi o alimento com o qual Deus miraculosamente sustentou Seu povo durante a travessia do deserto. Era saudável, nutritivo e gratuito. Sua aparência “era como semente de coentro branco, e o seu sabor como bolos de mel” (Êxodo 16:31), ou seja, saboroso. Ainda assim, o povo reclamava por ter apenas “este maná” para comer. A queixa provavelmente começou com estrangeiros cheios de gula, que contagiaram os israelitas com suas murmurações. Esses murmuradores eram mestiços de israelitas com egípcios, fruto de casamentos mistos. Eles se lembravam dos peixes, pepinos, melancias, alhos-porós, cebolas e alhos que comiam no Egito (v. 5). Agora, tinham apenas “este maná” — expressão que parece denotar desprezo.

Ouvi sobre uma pessoa que decidiu mudar de igreja porque seu pastor “só prega doutrina”. Há quem despreze a exposição bíblica e sinta desejo por outros tipos de sermões, considerados mais “adequados” às suas expectativas. Aqueles que não suportam a sã doutrina acabam buscando para si mestres segundo os seus próprios desejos (2 Timóteo 4:3). Com a crescente oferta de outros ‘alimentos’ espirituais, o ‘povo da gula’ encontra um cardápio variado: sermões de autoajuda, sofismas, filosofias humanas, mensagens antropocêntricas, triunfalistas, entretenimento, pregação de prosperidade, falsos milagres, revelações, profecias extrabíblicas e muitas outras novidades. Há sempre uma opção nova neste vasto mercado, especializado em satisfazer o ‘apetite’ da clientela. As igrejas que persistem em oferecer o Pão do Céu, que dá vida ao mundo (João 6:33), experimentam algo semelhante ao que Jesus vivenciou quando foi abandonado pela multidão que buscava apenas benefícios temporais: “Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com ele” (João 6:66). De modo semelhante, muitos que não suportam a Palavra da Verdade deixam suas congregações em busca de novas experiências.

Hoje, muitos olham para certas igrejas e reclamam: “Mas eles só têm este Pão?”, “Não têm nada além da mensagem bíblica para oferecer?”, “Apenas este maná?”. E saem em busca de algo mais ‘apetitoso’.

Que não haja em nós desejo por outro alimento, mas que anelemos pela Palavra da Vida, pelo Pão do Céu. Que nos contentemos com “este maná” — o maná da vida, que é Cristo e Seus ensinos. Que haja em nosso meio fome, não por um falso evangelho, mas uma fome e sede autênticas pela Palavra do Senhor. Pense nisso!

A paz ou a espada?

Cristo e a Espada: O Evangelho que Divide e Une

Bíblia e espada
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.” (
Mateus 10:34 – Leia de 17 a 39)

Lembro-me da primeira vez que li este texto, ainda na adolescência. Confesso que fiquei chocado. Como poderia aquele que veio movido por tão grande amor para salvar fazer uma confissão tão forte? Como poderia o “Príncipe da Paz” ser fonte de discórdia? E mais: Jesus ainda disse: “Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus familiares” (vv. 35-36). Ele se apresenta não como promotor de paz, mas como causa de conflito, começando pela própria família. Após algum tempo, compreendi esse ensino, e meu coração encontrou descanso.

A palavra traduzida como “espada” indica “confusão” e “conflito”, e é exatamente o que Jesus provoca em certos contextos. Muitos muçulmanos, ao aceitarem Cristo como Senhor e Salvador, são expulsos de suas casas, perseguidos, presos e até mortos — muitas vezes denunciados pelos próprios familiares. Esposas convertidas são abandonadas por seus maridos. Há contendas em famílias onde alguém passou a viver a nova vida em Cristo. Como está escrito: “E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai o filho; e os filhos se levantarão contra os pais, e os matarão” (v. 21). Esses conflitos transcendem os lares, estendendo-se às escolas, ao trabalho e a todos os lugares onde um novo crente é visto com “olhares atravessados”. Existem discórdias entre religiosos, guerras entre nações, perseguições organizadas, tudo por causa do nome de Jesus. O que dizer da Inquisição Católica? E da Inquisição Protestante? Quantos males foram cometidos pelo ódio ao Senhor ou, erroneamente, em nome dEle? A mesma doutrina que une também separa. O problema não está em Cristo e em Seus ensinos, mas no coração humano.

Encontro na Bíblia uma explicação para isso: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mateus 12:30). A doutrina de Cristo provocou repulsa nos escribas e fariseus, e o evangelho ainda hoje é objeto de ódio pelo mundo. No entanto, essa mesma doutrina que divide também une aqueles que, por conhecerem a Verdade, foram libertos por ela. Os salvos são aqueles que perseveram unidos, em santa comunhão, na mesma doutrina (Atos 2:42). Portanto, embora as opiniões sobre Cristo dividam, a teologia separe pessoas e o denominacionalismo religioso gere guerras, e o evangelho desperte o ódio de opositores — a Verdade, e somente a Verdade, une aqueles que nela creem e por ela vivem. É assim que Cristo traz tanto paz quanto confusão. Por causa da fé, somos amados por uns e odiados por outros. Como está escrito: “E de todos sereis odiados por causa do meu nome” (Lucas 21:17).

Negar a Cristo ou confessá-lo diante dos homens (vv. 32-33)? E, se por causa do Salvador perdermos amigos, o amor da família e formos rejeitados ou perseguidos? Que fazer? Abandonar a fé ou perseverar? Escolher a Cristo ou aqueles que amamos? A resposta está no próprio texto: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim” (v. 37). Portanto, se tivermos que escolher entre estar em paz com as pessoas ou com o Senhor, que escolhamos o Senhor. Se nossa vida em Cristo soa como uma “declaração de guerra”, que não retrocedamos jamais na fé naquele que nos salvou.

Quando a Grama do Vizinho Parece Mais Verde

A paz da obediência: redescobrindo o valor da perseverança e da fidelidade no casamento

Grama do vizinho
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (
Mateus 5:28)

Joana enfrentava uma provação dolorosa em seu casamento. Seu esposo, Raimundo, não era convertido, entregava-se à bebida e demonstrava comportamento violento. Após muitas orações aparentemente não respondidas, o desânimo tomou conta de seu coração, e ela começou a duvidar se Deus ainda se importava com sua situação.

O desânimo a levou à fragilidade espiritual, e Joana permitiu que seu coração se desviasse. Mesmo antes de deixar o lar, já havia desenvolvido uma aproximação inadequada com Carlos, um homem divorciado e membro da mesma igreja. Juntos, chegaram a fazer planos para um futuro em comum.

Decidida a buscar sua própria solução, Joana saiu de casa e foi morar com sua mãe, planejando divorciar-se de Raimundo.

Entretanto, Deus não havia se esquecido dela. Durante um sermão sobre adultério, o pastor trouxe luz à Palavra: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mateus 5:28).

O sábio escreveu: “Assim, o que adultera com uma mulher é falto de entendimento; aquele que faz isso destrói a sua alma” (Provérbios 6:32). E o escritor aos Hebreus nos exorta: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará” (Hebreus 13:4).

Ao ouvir aquele sermão, Joana percebeu que, assim como um homem que “atentar numa mulher para a cobiçar” está pecando, uma mulher casada que “atentar num homem para o cobiçar” já cometeu adultério em seu coração. Esse entendimento abalou suas estruturas, afligindo-a profundamente. Tocada pelo Espírito Santo, ela compreendeu que estava não apenas pecando, mas também levando outros ao pecado. Refletindo sobre sua vida conjugal, reconheceu suas próprias falhas como esposa. Esse momento de arrependimento genuíno a levou a fazer um novo propósito diante de Deus: ser fiel e buscar diligentemente a restauração de seu casamento.

Ao procurar o marido e reatar o relacionamento, Joana experimentou a paz que só vem da obediência a Deus. Sua decisão de permanecer fiel e perseverar em oração produziu frutos maravilhosos: anos depois, Raimundo não apenas se libertou do vício do álcool, mas, influenciado pelo testemunho da esposa, também entregou sua vida a Cristo.

O resultado desta fidelidade se estendeu à próxima geração: seus filhos agora tinham como referência pais consagrados ao Senhor, que viviam segundo os princípios da Palavra de Deus.

Esta história nos ensina uma verdade preciosa: quando a grama do vizinho parece mais verde, não devemos cobiçá-la. Em vez disso, precisamos cuidar melhor do jardim que Deus nos confiou, regando-o com oração, paciência e fidelidade. Independentemente do tempo de espera, os frutos certamente virão.

sábado, 9 de novembro de 2024

O Valor Divino do Trabalho

Porque o trabalho não é maldição, mas oportunidade de honrar a Deus

Agricultor
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.” (João 5:17)

“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” — Com esta poderosa afirmação, Jesus nos apresenta uma verdade que merece reflexão: o trabalho tem origem divina e propósito sagrado; ele foi estabelecido como parte fundamental da vida humana, não como maldição, mas como bênção. Diante da fúria dos judeus, que o acusavam de quebrar o sábado e buscavam impedir o ex-paralítico de carregar seu leito (João 5:8-10), Jesus não apenas responde às suas acusações, mas também coloca a si mesmo e ao Pai como exemplos da importância e dignidade do trabalho.

Desde o princípio, o Senhor ordenou ao homem que trabalhasse: “No suor do teu rosto comerás o teu pão” (Gênesis 3:19). Este mandamento não era uma punição, mas um meio de prover sustento e dignidade. Por isso, a Escritura é clara ao ensinar que “se alguém não quiser trabalhar, não coma também” (2 Tessalonicenses 3:10).

Todo trabalho honesto tem valor aos olhos de Deus, independentemente de sua natureza. O apóstolo Paulo nos exorta: “Procureis viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas próprias mãos” (1 Tessalonicenses 4:11). Esta instrução nos mostra que devemos valorizar e nos dedicar ao trabalho que nos foi confiado.

Contudo, é essencial entender que o trabalho não é um fim em si mesmo. Ele é um meio pelo qual provemos nosso sustento, servimos ao próximo e glorificamos a Deus. Quando trabalhamos com esta perspectiva, cumprimos o mandamento: “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens” (Colossenses 3:23).

O trabalho também é uma forma de desenvolver os talentos que Deus nos deu. Ao nos empenharmos em nossas tarefas diárias com excelência, manifestamos a imagem do Criador em nós. Como diz o salmista: “E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos” (Salmos 90:17).

Por isso, devemos ser gratos pela oportunidade de trabalhar, buscar equilíbrio entre trabalho e descanso, e usar nossa ocupação para honrar a Deus. Quando entendemos o valor divino do trabalho, cada dia de labor se torna uma oportunidade de servir ao Senhor e cumprir Seu propósito para nossas vidas. Pense nisso!

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

A Promessa de Josué 1:9: Um Chamado à Interpretação Contextual

Uma promessa pessoal ou um compromisso divino de alcance universal?

Lendo a Bíblia com lupa
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Pr. Cleber Montes Moreira

“Não to mandei eu? Esforça-te, e tem bom ânimo; não temas, nem te espantes; porque o Senhor teu Deus é contigo, por onde quer que andares.” (Josué 1:9)

Muitos pregadores da atualidade têm enfatizado que Deus estará conosco por onde quer que andemos, em toda e qualquer circunstância, baseando-se em Josué 1:9. Mas será que essa promessa é realmente de alcance universal? É importante entender o contexto e o destinatário dessa promessa para evitar interpretações amplas e imprecisas.

No início do capítulo, lemos que “o SENHOR falou a Josué, filho de Num, servo de Moisés” (v.1). Está claro, portanto, que Deus dirigiu essas palavras diretamente a Josué, um líder escolhido para conduzir o povo de Israel na travessia do Jordão e na conquista da Terra Prometida. Ele estava numa missão específica, cumprindo o propósito divino, e não envolvido em objetivos ou projetos pessoais. Assim, a promessa de que Deus estaria com ele onde quer que fosse faz parte de um contexto particular: era uma garantia para o cumprimento de uma missão sagrada, e não uma promessa geral aplicável a qualquer pessoa em qualquer circunstância.

Não há no texto nenhum respaldo para que alguém tome a promessa feita a Josué e estenda seu alcance para outros contextos à revelia dos ensinos das Escrituras. Certamente que Deus não deu igual garantia a quem esteja trabalhando para si mesmo, buscando a própria prosperidade, a realização de um sonho pessoal, ou vivendo movido por um sentimento hedonista. Cito, como exemplo, o episódio de alguns crentes cobiçosos que, retornando de uma viagem missionária na Argentina, ao passarem pelo Paraguai, fizeram compras além do permitido e abarrotaram o ônibus de mercadorias. Prestes a entrarem em solo brasileiro, o líder da caravana pediu que todos orassem para não serem revistados na duana. Muitos querem que Deus esteja com eles, mesmo quando trabalham por interesse próprio ou se comportam inadequadamente.

Outro aspecto importante está no versículo 5: “Ninguém te poderá resistir, todos os dias da tua vida”. Alguns entendem isso como uma garantia de que Deus removerá todos os obstáculos de seu caminho, derrotará inimigos e concederá vitórias pessoais. Esse pensamento reflete uma mentalidade triunfalista, frequentemente promovida por certas músicas e mensagens gospel, mas sem fundamento bíblico. A vida de servos de Deus como o apóstolo Paulo prova o contrário: ele e muitos outros enfrentaram tribulações, prisões e até a morte. Servos do passado enfrentaram dificuldades não por falta de fé, mas porque estavam comprometidos com a obra de Deus. Deus estava com eles quando maltratados, fugindo de uma cidade para outra, diante de autoridades que lhes ameaçavam para não pregarem o evangelho, quando apedrejados, nas prisões e em situações de morte. Mas estas não são situações em que os crentes de hoje imaginam desfrutar da presença divina.

Outro aspecto da promessa feita a Josué é que ela estava condicionada à fidelidade à Palavra de Deus, conforme lemos no versículo 8: “Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem-sucedido.”

Portanto, se você deseja que Deus esteja com você, ande com Ele, submeta-se a Ele, priorize Seu reino e viva para Sua glória. Que Ele seja sua motivação em tudo, e que sua vida seja para Seu serviço. Mesmo que você enfrente adversidades na jornada, não há bênção maior do que viver para Deus. Pense nisso!

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Frutificando em Meio à Adversidade: A Missão da Igreja em um Mundo Hostil

Pedradas e Propósito: Lições das Jaqueiras e da Igreja de Cristo

jaqueira
Pr. Cleber Montes Moreira

Aqui na Igreja Batista de Vila Antunes, somos abençoados com um terreno privilegiado e amplo, com diversas árvores, entre elas algumas frondosas jaqueiras. Nesta época do ano, elas estão carregadas de frutos ainda em desenvolvimento.

Recentemente, deparei-me com uma cena que me causou profunda tristeza: um vândalo havia invadido nossa propriedade e cortado dezenas de jacas verdes. Os frutos, ainda pequenos — alguns do tamanho de laranjas —, ficaram espalhados pelo chão, num desperdício lamentável que evidenciava a tolice e a falta de temor de Deus daquele que cometeu tal ação.

Em meio à minha indignação inicial, veio-me à mente um antigo ditado bem conhecido: “Árvore que dá frutos é a que mais leva pedradas.” Esta sabedoria popular carrega uma verdade profunda que nos propicia, diante do quadro, uma preciosa reflexão. As jaqueiras foram atacadas precisamente por estarem cumprindo seu propósito — dar frutos.

Esse episódio me fez traçar um paralelo entre o ocorrido e a Igreja de Cristo, que também sofre ataques constantes neste mundo. Assim como as jaqueiras, a igreja está plantada para frutificar, mas enfrenta perseguições ao longo de toda a sua história, perseguições que se reacendem nos dias atuais, seja na forma de hostilidade velada ou ódio declarado.

As razões para estes ataques são múltiplas. Destaco:

    • A igreja é atacada por sua natureza divina; como corpo de Cristo, ela não pertence a este mundo e naturalmente se contrapõe aos valores de uma sociedade corrompida, marcada especialmente pelo relativismo moral que permeia nossa época.

    • A igreja é atacada por causa de seu único Senhor, Jesus Cristo, pois não se curva a nenhuma outra autoridade, mantendo-se fiel aos princípios bíblicos, o que contraria aqueles que servem ao “príncipe deste século”, Satanás.

    • A igreja é atacada por ser portadora da verdade num mundo que rejeita absolutos e abraça o subjetivismo.

    • A igreja é atacada por seu papel profético na sociedade, denunciando o pecado e chamando as pessoas ao arrependimento.

    • A igreja é atacada porque sua obra evangelística desafia o império das trevas, conduzindo pessoas à salvação em Cristo e libertando-as do domínio do pecado.

    • A igreja é atacada por sua influência transformadora, que promove mudanças de valores e comportamentos nos indivíduos e nas comunidades onde está inserida.

    • A igreja é atacada por sua mensagem de exclusividade em Cristo como único caminho para a salvação, confrontando a ideia de que “todos os caminhos levam a Deus”.

    • A igreja é atacada por sua defesa da família tradicional e dos valores morais bíblicos.

    • A igreja é atacada por sua resistência à secularização e sua insistência na supremacia de Deus sobre todas as esferas da vida.

    • A igreja é atacada por seu compromisso com a verdade bíblica, verdade que confronta ideologias populares ou politicamente corretas.

Contudo, assim como as jaqueiras continuarão a produzir frutos apesar dos ataques, a igreja permanece firme em sua missão, pois está fundamentada não em força humana, mas no poder de Deus. Os ataques, embora dolorosos, servem para confirmar que estamos no caminho certo, cumprindo nosso propósito divino de ser sal da terra e luz do mundo.

Como está escrito em João 15:18-19: “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.”

Apesar de toda oposição contra a Igreja, porque ela é uma instituição divina e não humana, podemos crer na promessa de que “as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18b).


Cajati (SP), em 04 de novembro de 2024

terça-feira, 5 de novembro de 2024

Treinando para ser igual a quem?

Buscar a Semelhança com Cristo: O Dilema entre Sucesso Temporal e Propósito Divino

Jogador de futebol
Imagem gerada por AI
Pr. Cleber Montes Moreira

“Sede meus imitadores, como também eu de Cristo.”
(1 Coríntios 11:1)

Lembro-me de uma ocasião em que, enquanto me preparava para ir a uma reunião de oração, convidei meu filho Jônatas para me acompanhar. Sua resposta foi negativa; disse que ficaria em casa treinando para ser igual ao Messi. Então, argumentei: “Você precisa treinar para ser igual a Jesus!” Prontamente, ele respondeu: “Ser igual a Jesus é muito difícil.” Confesso que fiquei chocado com sua resposta.

Ser igual a craques do futebol, como Messi, Neymar ou Cristiano Ronaldo, não é fácil, mas desperta interesse. Eles são bem-sucedidos, têm dinheiro, fama e tudo o que os mortais sonham. Então, vale todo esforço para ser igual a eles. O conceito secular sobre felicidade se relaciona a tudo isso, e mesmo as crianças recebem da nossa sociedade essa carga cultural de que precisam ser felizes, e o caminho para isso é se inspirar naqueles que são projetados como modelos de sucesso e, portanto, de felicidade. A diferença é óbvia: as celebridades sobem ao pódio, recebem coroas e medalhas, alcançam um lugar sob os holofotes da fama, ostentam riquezas e aparentam viver felizes. Mas Jesus era pobre, negou-se a si mesmo, foi humilhado e morreu em uma cruz. Por isso, qualquer um, à luz da razão humana, dirá que é preferível ser igual ao Messi, mesmo uma criança no auge de seus quatro anos.

As pessoas naturais, embriagadas pelo amor próprio, uma forma nefasta de egoísmo, buscam os seus próprios interesses, no caso, a tão desejada felicidade. Suas mentes estão no mundo, seus interesses estão na Terra, seus sentimentos são dirigidos pela soberba, seu amor não alcança o próximo nem a Deus... Elas estão preocupadas em ser felizes, por isso não podem ser iguais a Jesus.

Leia atentamente o que Paulo escreveu: “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:5-8). O que você pensa sobre estas palavras? É fácil ser igual a Jesus? Certamente que não! O modelo de Cristo está muito distante de ser do interesse das pessoas. Mas ser igual a Ele é exatamente o que Deus quer de nós. Por isso, o apóstolo nos desafia: “Sede meus imitadores, como também eu de Cristo” (1 Coríntios 11:1). Paulo não era perfeito, mas estava se esforçando. Nós também precisamos nos esforçar para crescermos “à medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13).

A glória do mundo passa, mas a celeste permanece. Quem no mundo se exalta será humilhado, mas quem, como Cristo, se humilha será com Ele exaltado.

Quais valores dirigem sua vida? Você está se esforçando para ser igual a quem, ao Messi ou a Cristo? Nada contra o Messi, muito pelo contrário, mas ser igual ao Senhor deve ser o nosso ideal de vida. Pense nisso!


Itaperuna (RJ), 2016

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